Crianças até 11 anos são as mais infectadas por Covid-19 na PB

Paraibanos de 0 a 11 anos tem prevalência de 16,8% das infecções no estado, seguidos pela faixa etária de 50-59 anos, com 9,6%, e da mais de 60 anos, com 8,9%

De acordo com o primeiro relatório da Continuar Cuidando, pesquisa que visa conhecer o cenário epidemiológico da Covid-19 na Paraíba divulgada nesta segunda-feira (7), com relação à faixa-etária, a que apresenta maior prevalência é a de 0 a 11 anos, com 16,8%, seguida da de 50-59 anos, com 9,6%, e da mais de 60 anos, com 8,9%. A faixa-etária de 20 a 49 anos apresentou uma prevalência de 8% e a de 12 a 19 anos, de 7,5%. Os números são da Secretaria de Estado da Saúde (SES).

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“Chama muito atenção a prevalência de Covid na faixa etária de 0 a 11 anos, de 16,8%. Se analisarmos a próxima faixa etária, produtiva e economicamente ativa, de 20 a 49 anos temos 8% de prevalência, segundo a pesquisa. Maiores de 60 anos, 8,9%. Então, se a gente voltar aos 16,8% de 0 a 11 anos é uma prevalência de quase o dobro. Considerando que nessa faixa etária as crianças praticamente não saíram de casa, porque as aulas estiveram suspensas o vírus chegou até elas especialmente por meio de contato com os adultos, essa é a melhor das nossas hipóteses”, afirmou o secretário de Gestão Hospitalar, Daniel Beltrammi.

O secretário também aponta um cenário diferente do que foi vislumbrado pelos especialistas. “Essa hipótese de que eram as crianças que fariam o vírus circular, era a predominante especialmente num contexto de atividades mais intensas, inclusive no campo econômico. Esse cenário era mais um ponto de atenção e de controle, para que a gente possa até o final da pesquisa entender qual o número final de prevalência nessa faixa etária, que está tão maior que as demais”, explicou.

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13,8% dos infectados nunca usaram máscara

Com relação a hábitos de proteção e higiene, 13,8% das pessoas que já foram infectadas nunca usaram máscara e 10,8% nunca usaram álcool.

“Chamou a atenção nessa avaliação entre as pessoas também detectadas pelo IGG, 13,8% das pessoas que se infectaram não usaram máscaras. É um número muito alto. 10,8% não usaram álcool em gel ou outros mecanismos para higienizar as mãos com frequência”, afirmou o secretário de Gestão Hospitalar, Daniel Beltrammi.

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Os dados apontam também que 10,3% saíram de casa entre 3 a 5 dias na semana e 8,3% saíram de casa quase todos os dias (entre 6 e 7). É importante lembrar que as medidas mais eficazes para barrar o vírus são: distanciamento social, uso de máscara e lavagem das mãos com água e sabão, ou o uso do álcool 70%.

“Se a gente fosse olhar a frequência com que essas pessoas se mobilizaram para fora do domicílio, 10,3% das pessoas saíram de 3 a 5 dias na semana. 8,3% das pessoas saíram todos os dias de casa”, comentou Beltrammi.

Quase 10% da população já teve contato com o vírus

A investigação aponta que 9,3% dos paraibanos já tiveram contato com o vírus. A estimativa vem dos testes realizados nas pessoas entrevistadas, nos quais foi identificado o anticorpo IGG. Este e outros dados estão no documento, que divulga os resultados do primeiro mês de coleta, ocorrido no período de 03 a 27 de novembro.

O relatório traz os dados sobre as estimativas das prevalências e dos números de pessoas, referentes aos resultados do teste rápido (IGM e IGG). Essas informações estão separadas por grupos de variáveis, que são: Socioeconômicas (sexo, idade, renda, macrorregião de saúde, trabalho, escolaridade, renda); Hábitos de Higiene/Proteção (se saiu de casa, uso de máscara, uso de álcool); e Comorbidades (diabetes, hipertensão, doença no coração, obesidade, outra doença crônica).

Covid-19 por região

De acordo a pesquisa, a 1ª Macrorregião de Saúde concentra a maior ocorrência de casos de Covid-19, com 12,9%. Enquanto a 2ª Macro aparece com 4,8% e a 3ª com 6,8%. Com relação ao sexo, 10,5% das mulheres paraibanas já foram infectadas e 7,8% dos homens tiveram o agravo.

Sobre a condição de trabalho, a pesquisa aponta que a prevalência do anticorpo IGG do teste rápido mais alta está nas pessoas que estão fora do mercado de trabalho, não trabalham e não procuram ativamente por trabalho, com 9%. A população que tem trabalho regular ou com horário fixo aparece com 8,9%. Já o grau de escolaridade, 10,4% das pessoas sem estudos ou com até o 4ª ano do ensino fundamental já tiveram contato com o vírus, enquanto 8,1% possuem ensino superior completo. Por sua vez, os dados segundo faixa de renda apontam que o grupo de pessoas que ganham entre 2 e 5 mil reais apresentam maior porcentagem de anticorpo IGG, com 11%. A investigação mostra que a prevalência do vírus na população que ganha até mil reais é de 8,3% e a das pessoas que ganham mais de 5 mil reais é de 7,4%.

Comorbidades

Dos dados relacionados às pessoas que foram infectadas e possuíam comorbidades, 22,7% delas eram obesas, 13,9% eram portadoras de diabetes, 10,6% eram hipertensas, 10,1% possuíam doença no coração e 10,9% possuíam outras doenças crônicas.

Analisando o relatório dos resultados do primeiro mês de coleta da pesquisa, o secretário executivo da Saúde da Paraíba, Daniel Beltrammi, afirma que a chegada de uma vacina é fundamental e que, enquanto ela não chega, a população precisa intensificar as medidas de proteção.

“Com esses números observamos que a produção de imunidade que não seja por meio de uma vacina, vai fazer com que nós tenhamos internações, sofrimento, mais vidas perdidas. O grande recado é que a Paraíba está com uma prevalência, pelo menos até este momento da leitura do primeiro mês da pesquisa, perto da mundial. A tarefa agora é proteção, vacina e organização dos próximos meses do nosso plano de contingenciamento”, pontua.

A pesquisa Continuar Cuidando da Paraíba é uma iniciativa do Governo do Estado da Paraíba com o Observatório de Síndromes Respiratórias da Universidade Federal da Paraíba, intermediada pela Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba, cuja coleta de dados foi realizada pela Sociedade para o Desenvolvimento da Pesquisa Científica – Science. Já a aplicação dos testes (rápido e RT-PCR) foi realizada por profissionais de saúde da Secretaria de Estado da Saúde da Paraíba.