CPI presidida por paraibano interroga agora empreiteiros denunciados pela ‘Lava Jato’

Começou há pouco a reunião da CPI da Petrobras convocada para ouvir dois dos maiores empreiteiros do País: Sérgio Cunha Mendes, vice-presidente da Construtora Mendes Júnior, e Dario Queiroz Galvão Filho, presidente da Galvão Engenharia. Os dois estão em prisão domiciliar.

A Mendes Júnior e a Galvão Engenharia são investigadas pela operação ‘Lava Jato’ por formação de cartel e pagamento de propina em troca de contratos com a Petrobras. A CPI é presidida pelo deputado paraibano Hugo Motta.

Mendes Júnior
Sérgio Cunha Mendes foi denunciado pelo Ministério Público por lavagem de dinheiro e corrupção, junto com outros diretores da construtora: Alberto Elísio Vilaça Gomes, executivo; Angelo Alves Mendes, vice-presidente; José Humberto Cruvinel Resende, funcionário; e Rogério Cunha de Oliveira, diretor da área de Óleo e Gás.

Os executivos são acusados de pagar propina ao ex-diretor da petrolífera Paulo Roberto Costa.

Entre 2007 e 2014, a Mendes Júnior assinou contratos com a Petrobras no valor total de R$ 3,1 bilhões. No período, a empresa depositou, segundo o Ministério Público, R$ 7,8 milhões em contas de empresas controladas pelo doleiro Alberto Youssef. De acordo com as investigações, o dinheiro era usado para o pagamento de propina.

Um dos delatores do esquema, o ex-gerente de Tecnologia da Petrobras Pedro Barusco afirmou, em delação premiada, que a Mendes Júnior pagou propinas relativas a quatro contratos com a estatal.

Um deles é o contrato de obras da refinaria Presidente Vargas (Repar), em Araucária (PR). Segundo outro delator do esquema, o empresário Júlio Camargo, o Consórcio Interpar, formado pelas empresas SOG, Mendes Júnior e Skanska, pagou propina a Barusco e ao ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque. Camargo disse que a propina somou aproximadamente R$ 20 milhões.

O pagamento teria sido feito por meio de um contrato fictício feito pelo consórcio com uma das empresas de Júlio Camargo, a Auguri Empreendimentos.

Galvão Engenharia
Já a Galvão Engenharia assinou contratos com a Petrobras que somam R$ 7,6 bilhões e 5,6 milhões de dólares entre 2008 e 2014. Segundo as investigações, no período, a empresa transferiu mais de R$ 5 milhões para contas de empresas de Alberto Youssef.

Outro delator do esquema, o engenheiro Shinko Nakandakari, afirmou que pagou propinas em nome da empresa para o ex-diretor da Petrobras Renato Duque, para o ex-gerente de Tecnologia Pedro Barusco, e para o ex-diretor da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, Glauco Legatti.

Dario de Queiroz Galvão Filho foi denunciado por lavagem de dinheiro e corrupção, assim como outros executivos e funcionários da Galvão Engenharia: Eduardo de Queiroz Galvão, executivo; Erton Medeiros Fonseca, diretor de negócios; e Jean Alberto Luscher Castro, diretor-presidente.

A Galvão se defende sob o argumento de que foi obrigada a pagar propina para garantir sua participação nas obras.

O Ministério Público cobra da Queiroz Galvão R$ 1 bilhão de ressarcimento aos cofres públicos. No final de março, as empresas Galvão Engenharia e Galvão Participações, vinculadas ao Grupo Galvão, apresentaram à Justiça do Rio de Janeiro pedido de recuperação judicial.