CPI da Petrobras: paraibano sugere exumar corpo de ex-deputado ligado a esquema de propinas

Janene teria recebido propina
José Janene teria recebido propina

O deputado federal paraibano Hugo Motta (PMDB), presidente da CPI da Petrobras, afirmou nesta quarta-feira (20) que pedirá a exumação do corpo do ex-deputado paranaense José Janene, morto em 2010. Segundo as investigações da Operação Lava Jato, da Polícia Federal (PF), Janene teria sido um dos operadores do esquema de corrupção que atuava na Petrobras.

Motta relatou a jornalistas que a viúva do ex-líder do PP, Stael Fernanda Janene, disse aos parlamentares que não viu o corpo do marido após a morte dele, em 14 de setembro de 2010. De acordo com o presidente da CPI, a viúva contou que o caixão de Janene estava lacrado no velório realizado em Londrina (PR).

Um dos réus do processo do mensalão do PT, José Mohamed Janene morreu aos 55 anos, vítima de um infarto, antes de ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) pelo seu suposto envolvimento no esquema de pagamento de propina a parlamentares em troca de apoio político no Congresso Nacional, durante o primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Janene morreu depois de ter ficado internado mais de um mês no Instituto do Coração (Incor), em São Paulo. À época, a instituição de saúde informou que o ex-parlamentar estava inscrito, havia três meses, em uma fila de espera para fazer um transplante de coração.

Conforme Hugo Motta, haveria indícios de que o ex-deputado do PP poderia estar vivendo atualmente na América Central. “Informações que chegaram até nós falam sobre incerteza de que o deputado (Janene) faleceu. A própria viúva não conseguiu vê-lo morrer, o caixão chegou lacrado. Existe forte indício de que José Janene possa estar vivo”, disse Motta antes do início da sessão desta quarta-feira da CPI da Petrobras.

“A suspeita das informações que chegam é que ele (Janene) pode ter fraudado essa morte, como ele tinha contas no exterior com Alberto Youssef, e possa ter ficado com grande parte desse dinheiro e possa estar vivendo na América Central”, complementou o presidente da comissão.

Na avaliação de Motta, é “estranho” que Janene não tenha sido visto no caixão. “Isso é uma coisa muito estranha. Como médico, posso falar que uma pessoa falece de infarto e é muito comum que o corpo possa ser visto pelos familiares. Muito estranho a viúva não ter podido ver o corpo”, enfatizou.

Exumação
Cerca de duas horas depois de anunciar que pediria a exumação de Janene monocraticamente por meio de um ofício, o presidente da CPI decidiu submeter à decisão aos demais integrantes do colegiado.

“Queremos fazer da melhor maneira possível, para que tenha respaldo da comissão. Eu poderia, em ato próprio, pedir a exumação, mas, por responsabilidade, por cautela, quero fazer isso com apoio de toda a CPI”, ressaltou Motta.

Segundo o deputado paraibano, seu pedido deverá ser colocado em votação na próxima semana. Na ocasião, os parlamentares também podem apreciar o requerimento que pede a convocação da viúva de Janene.

Acusações contra Janene
O ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa afirmou à Justiça Federal que ele foi indicado para o cargo de alto escalão da estatal pelo PP. Segundo Costa, um dos delatores da Lava Jato, Janene teve influência na sua escolha para a diretoria.

Paulo Roberto Costa explicou ao juiz federal que, até 2008, era Janene quem operava a fatia da propina que cabia ao PP. Segundo ele, a legenda ficava com um terço do valor dos contratos fechados pela diretoria de Refino e Abastecimento, que ele comandava. Os outros dois terços, relatou o ex-dirigente, eram repassados ao PT. Após a morte de Janene, Youssef passou a operar a propina do PP, informou Costa.

As informações são do G1.