CPI contrata empresa de investigação para analisar depoimentos de delatores

Outros três delatores da Operação Lava Jato também estão na mira da empresa de investigações Kroll, contratada pela CPI da Petrobras. De acordo com o jornal O Globo, os depoimentos do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef também estão sendo vasculhados em busca de contradições que possam provocar a anulação das delações que complicaram a situação do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

A contratação da Kroll foi articulada pelo presidente da CPI, Hugo Motta (PMDB-PB), e pelo sub-relator da comissão André Moura (PSC-SE), aliados de Cunha. Os serviços da empresa já consumiram R$ 1 milhão à Câmara e serão objeto de novo aditivo, de acordo com a reportagem. Segundo O Globo, a lista de investigados pela Kroll era formada, inicialmente, por 15 nomes. Foi reduzida, em seguida, a 12. E, por fim, a quatro delatores. Os nomes, porém, são mantidos em sigilo pela CPI sob o argumento de que a revelação poderia prejudicar as apurações. Mas, segundo o jornal carioca, fontes próximas a André Moura e Hugo Motta confirmaram as investigações sobre Júlio Camargo, Alberto Youssef e Paulo Roberto Costa.

O jornal O Estado de S. Paulo também revelou na edição de ontem o uso da Kroll para vasculhar os depoimentos de Júlio Camargo. Após a divulgação da reportagem, Eduardo Cunha divulgou nota em que nega qualquer ingerência sobre a CPI e diz que a Câmara tratou apenas da “contratação administrativa” da empresa.

“Não participei, não participo nem participarei de qualquer decisão sobre investigações da CPI, que tem a sua autonomia. Rechaço com veemência as insinuações da reportagem, que beira a má-fé, tentando me colocar como autor de constrangimentos, o que, definitivamente, não posso concordar. A participação da direção da Câmara, por meio da Diretoria Geral, trata somente da contratação administrativa requerida pela CPI, nos termos de sua autonomia”, disse Cunha.