CPI da Petrobras: Bate-boca entre presidente e deputado marca 1ª dia de trabalho

A primeira reunião de trabalho da CPI da Petrobras teve início nesta quinta-feira com discussões, desentendimentos e bate-boca que, por pouco, não descambou para troca de sopapos entre parlamentares. A confusão começou quando o presidente da CPI, Hugo Motta (PMDB-PB), anunciou sua intenção de criar quatro sub-relatorias e indicar os deputados para integrá-las, sem acordo com o relator Luiz Sérgio (PT-RJ) ou com os partidos do bloco que dá apoio ao governo. A deputada Maria do Rosário (PT-RS) apresentou questão de ordem para que o relator apresentasse o seu plano de trabalho antes da indicação dos sub-relatores. Ela disse que sub-relatorias podem ser dispensáveis.

“Sabemos que as sub-relatorias estão sendo criadas para dar representatividade partidária à CPI, mas o trabalho do relator não é partidário”, disse, segundo a Agência Câmara.

Motta desconsiderou vários pedidos de colegas para que houvesse uma negociação e não deixou que os parlamentares contrários à sua intenção pudessem se manifestar. Ele argumentou que, como o regimento é omisso sobre a indicação de sub-relatores, ele iria indicar os nomes. E ai começou a gritaria e o bate-boca.

O deputado Edmilson Rodrigues (PSOL-PA) exaltou-se. Ele deixou sua cadeira e se posicionou em frente ao presidente da CPI, chamando-o de moleque, aos berros. Motta devolveu. “Quero deixar bem claro aqui que não admitirei desrespeito. Quem manda aqui é o presidente, seguindo o regimento”, afirmou Motta, também aos gritos.

“Cabelo branco não é sinal de respeito”, continuou. Motta é um parlamentar de segundo mandato e tem 26 anos.

A “turma do deixa-disso” entrou em cena para impedir que os berros se transformassem em tapas. “Não tenho medo de grito. Da terra que vim, homem não grita”, disse Motta, que irá anunciar os sub-relatores.

Depois de muita discussão, o presidente da CPI anunciou a criação das quatro sub-relatorias e voltou a criar confusão – mas, desta vez, sem bate-boca. Motta priorizou partidos de seu grupo e da oposição. Para a sub-relatoria que vai investigar o superfaturamento na construção de refinarias, Motta designou Altineo Cortes (PR-RJ), do bloco liderado pelo PT. Para a sub-relatoria que analisará as Sociedades de Propósito Específico (SPE), foi escolhido Bruno Covas (PSDB-SP); Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), que sempre se manifesta contra o governo, será responsável pela investigação de superfaturamento no afretamento de navios; e André Moura (PSC-SE) cuidará da Sete BRasil e da venda de ativos da Petrobras na África.

O relator da CPI, Luiz Sérgio (PT-RJ), disse que foi surpreendido pelas indicações do presidente. Ele pediu um prazo de uma semana para que os ânimos pudessem ser acalmados e, depois, a comissão decidir quem seriam os relatores. Mas Motta não lhe deu ouvidos.

Além de criar as sub-relatorias, o deputado Hugo Motta confirmou que a comissão só vai investigar os fatos e o período que constam do ato de sua criação. Isso significa que a CPI vai se concentrar no período entre 2005 e 2015, conforme decisão anunciada pelo presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

“Essa é minha decisão. Há instâncias superiores às quais Vossas Excelências podem recorrer”, finalizou Motta.

O deputado Edmilson Rodrigues (PSOL-PA), que bateu boca com o presidente, desculpou-se e disse que não o chamou de moleque, mas de coronel.

Com informações de O Globo