Covid: Pfizer produz comprimido que reduz risco de internação em 90%

Nenhum paciente que recebeu o comprimido morreu pelo vírus; os infectados também não haviam sido vacinados

A farmacêutica americana Pfizer anunciou, nesta terça-feira (14), os resultados finais dos testes de seu antiviral experimental contra a Covid-19, o Paxlovid (nirmatrelvir). O remédio reduziu em quase 90% a necessidade de internação de pacientes com alto risco de desenvolver casos graves da doença.

A Pfizer informou que está enviando os dados de forma contínua à Food and Drug Administration (FDA), espécie de Anvisa americana, para obter autorização de uso emergencial do comprimido.

Os resultados ainda não foram revisados por outros cientistas nem publicados em revista. Dados preliminares divulgados pela farmacêutica no início de novembro apresentaram índices similares.

“Esta notícia fornece mais corroboração de que nosso candidato a antiviral oral, se autorizado ou aprovado, pode ter um impacto significativo na vida de muitos, já que os dados apoiam ainda mais a eficácia do Paxlovid na redução de hospitalização e morte e mostram uma diminuição substancial na carga viral”, disse Albert Bourla, diretor executivo da Pfizer.

Bourla pontuou, ainda, que novas variantes de preocupação, como a ômicron, aumentaram a necessidade de tratamentos acessíveis contra Covid.

“Estamos confiantes de que, se autorizado ou aprovado, este potencial tratamento pode ser uma ferramenta crítica para ajudar a conter a pandemia”, declarou.

Grupos de risco

Nas pessoas que tomaram o comprimido dentro de 3 dias após o início dos sintomas, o risco de internação pela doença foi reduzido em 89% em comparação com pacientes que não receberam. Nas que tomaram o comprimido em até 5 dias após o início dos sintomas, a redução do risco foi de 88% em relação às que não tomaram.

Nenhum paciente que recebeu o comprimido morreu de Covid-19; os participantes também não haviam sido vacinados. Todos tinham alto risco de desenvolver Covid grave.

O comprimido foi dado aos pacientes junto com uma dose baixa de outro antiviral, esse já conhecido: o ritonavir, usado no tratamento do HIV. Esse segundo remédio ajuda a desacelerar o metabolismo ou a quebra do Paxlovid, para que ele permaneça ativo no corpo por períodos mais longos em concentrações mais altas, para ajudar a combater o vírus.

Grupos de risco padrão

A farmacêutica também está fazendo, em separado, um estudo sobre a eficácia do medicamento em pessoas que não são dos grupos de risco para Covid grave. A análise provisória dos dados aponta uma redução de 70% na necessidade de hospitalização de pacientes que tomam o remédio em relação aos que não tomam.

Até agora, não houve nenhuma morte entre as pessoas que receberam o comprimido. Por outro lado, o objetivo primário do ensaio – conseguir alívio de todos os sintomas de forma sustentada por 4 dias no grupo que recebeu o remédio – não foi alcançado. O estudo ainda está em andamento.

Redução da carga viral

Tanto nos testes de pacientes com alto risco quanto nos pacientes com risco padrão, houve uma redução de aproximadamente 10 vezes na carga viral no quinto dia de sintomas nos grupos que tomaram o remédio em relação aos que não tomaram.

Dados de laboratório (in vitro) apontaram que o antiviral consegue inibir uma enzima específica da variante ômicron. Considerando também dados que apontam a inibição de enzimas de outras variantes, inclusive a delta, a farmacêutica apontou que o Paxlovid deverá ter ação “robusta” contra as variantes atuais.

Do G1.