Covid-19: primeira carga de leite da campanha ‘Leite Fraterno’ chega à população vulnerável

Na quarta-feira (15/4), o primeiro caminhão com quatro mil litros de leite comprados de pequenos produtores do Cariri paraibano, através da campanha solidária ‘Leite Fraterno, entregou o alimento nos municípios de Campina Grande (PB), João Pessoa e região metropolitana da capital. O leite foi distribuído para quase três mil famílias em situação de vulnerabilidade social e, em contrapartida, beneficiou, aproximadamente, 400 famílias de pequenos produtores de leite do Cariri.

Lançada na sexta-feira (9/4), a campanha consiste em arrecadar doações em dinheiro para comprar caminhões de leite produzido pelos agricultores familiares dos municípios de Barra de Santana (PB), Caturité (PB) e Boqueirão (PB) e distribuir com a população vulnerável. Na noite da quarta-feira (15) a campanha alcançou R$ 11.830,75 doados por 69 pessoas. Para participar, basta doar qualquer valor através da conta corrente 23.642-x, Agência 1654-3 do Banco do Brasil, em nome da empresa individual Casa do Criador com CNPJ 27.150.876/0001-70.

O caminhão deixou o município de Caturité (PB) nas primeiras horas da manhã da quarta (15) e entregou 500 litros na sede do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em Lagoa Seca (PB), que distribuiu o leite para as famílias indígenas venezuelanas da etnia warao e para a comunidade do Pedregal em Campina Grande (PB). Outros 100 litros também foram entregues em Campina para serem distribuídos com famílias de vendedores ambulantes. Na sequência, o caminhão seguiu para João Pessoa, onde entregou 3.400 litros, além dos municípios de Sapé (PB), Conde (PB), Santa Rita (PB) e Bayeux (PB).

A distribuição do leite na capital e região metropolitana começou ainda pela manhã, avançou pela tarde, encerrando às 19h40, quando foram entregues os últimos litros em Santa Rita (PB). “Para ser bem sincero, sabe aquele cansaço pós praia que é presente mas não incomoda? É o que estou sentindo agora”, relatou John Jerônimo, integrante do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras por Direitos (MTD). John acompanhou o caminhão da primeira à última entrega na capital, ajudando na distribuição do leite às comunidades e ocupações. “O MTD provou hoje a capacidade de operar que não tínhamos avaliado até então”, afirmou orgulhoso.

Bombeiros ajudaram

A distribuição do leite só foi possível devido à ajuda de entidades, associações e movimentos sociais que se dividiram em grupos, providência que possibilitou o leite refrigerado chegar mais rápido aos destinatários finais. A logística de entrega contou com o apoio fundamental do Corpo de Bombeiros Militar da Paraíba, que disponibilizou caminhonetes e soldados para auxiliarem na distribuição do leite. Participaram da ação militantes do Movimento dos Trabalhadores por Direitos, Marcha Mundial de Mulheres, Consulta Popular, Levante Popular da Juventude, Jornal Brasil de Fato, projeto Rua do Respeito, projeto Mobilização Inclusão e Formação de Catadores de Materiais Recicláveis da Universidade Estadual da Paraíba, Hospital Padre Zé, além da Associação das Prostitutas na Paraíba (Aprós), Associação das Travestis e Transexuais da Paraíba (Astrapa) e o grupo Maria Quitéria.

Insuficiente

Apesar de cada família contemplada na primeira distribuição ter recebido apenas dois litros de leite, a carga não foi suficiente para contemplar todas as pessoas em situação de vulnerabilidade, tanto em Campina Grande quanto na capital e região metropolitana. “Continuamos com o apelo para que mais pessoas participem da campanha, façam doações, doem qualquer valor, para que possamos fazer o leite chegar a mais famílias em vulnerabilidade social que tiveram sua situação agravada pela pandemia”, pediu o procurador da República José Godoy. O procurador informou que os produtores do Cariri ainda não conseguiram escoar toda a produção.

Segundo caminhão

Conforme o procurador da República José Godoy, a segunda carga de leite será distribuída já nesta sexta-feira (17/4). “Na próxima carga, 1.500 litros serão distribuídos para a população vulnerável em Campina Grande, incluindo indígenas warao e famílias urbanas de venezuelanos, ambulantes, comunidades, além das famílias atingidas pela barragem de Acauã”, informou Godoy. “Os 2.500 litros restantes serão distribuídos na região metropolitana da capital e incluirão famílias das ocupações irregulares não contempladas na primeira distribuição”, acrescentou o procurador.

Coordenação e apoio

A campanha ‘Leite Fraterno’ é coordenada pelo Ministério Público Federal (MPF) e pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e conta com o apoio da Justiça Federal na Paraíba (JFPB), Ministério Público do Trabalho (MPT-PRT13), Ministério Público da Paraíba (MPPB), Defensoria Pública da União (DPU), Defensoria Pública do Estado da Paraíba (DPE-PB) e Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Paraíba (OAB/PB).

Além da Paraíba

Divulgada nas redes sociais e portais de notícias, a campanha ‘Leite Fraterno’ já angaria apoio além das fronteiras geográficas da Paraíba. É o caso do subprocurador-geral da República aposentado Wagner Gonçalves, que afirmou ser a campanha ‘Leite Fraterno’ significativa pelo próprio nome, porque envolve a alimentação de vulneráveis associada ao escoamento da produção dos pequenos produtores que sofreram cortes de verbas do governo federal. “A campanha impressiona não só pelo nome, mas pelo significado que tem o próprio leite como alimento, desde o nascimento da criança e durante a vida toda. Além de representar um ganho imenso para as pequenas propriedades, melhorando a renda e as condições de vida, dando dignidade a essas pessoas. Então, a campanha Leite Fraterno pode ser definida como a campanha da dignidade. Oxalá, esse exemplo possa se disseminar por outras procuradorias do país”, disse o subprocurador que foi o segundo a assumir a função de Procurador Federal dos Direitos do Cidadão no MPF, em 1996.

A importância do leite como alimento também foi ressaltada por Dilei Schiochet, coordenadora do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra na Paraíba, movimento social que coordena a campanha com o MPF. “O leite é um alimento sagrado para os nossos povos, principalmente para o semiárido. É tanto que o leite e o cuscuz sempre foram a base alimentar das populações nordestinas” destaca a coordenadora. “Nós precisamos buscar uma forma de ser mais humana, de salvar vidas nesse momento”, pontuou Schiochet, ao explicar a importância da campanha para sustentar as famílias do campo e da cidade.

Redes sociais

A divulgação da campanha ‘Leite Fraterno’ está ocorrendo com a publicação de matérias nos sites oficiais e posts nas redes sociais dos órgãos e entidades que participam da articulação da campanha. Assim, para evitar a divulgação de publicações falsas, recomenda-se que as pessoas procurem os dados corretos da conta corrente nas páginas na internet e perfis oficiais dos órgãos apoiadores da campanha nas redes sociais: MPF, MPT, MPPB, DPU, DPE-PB, JFPB e OAB/PB. Confira, ao final dessa notícia, o endereço das páginas e perfis dos órgãos na internet.