“É importante ter redução sustentada de número de casos para uma recomposição do sistema de saúde, inclusive com vistas a reduzir taxa de ocupação de leitos. Como vem sendo aleretado, diversos estados ainda estão com valores similares ou até mesmo superiores aos picos avaliados ao longo de 2020”, destaca o pesquisador Marcelo Gomes, coordenador do InfoGripe.
Segundo Marcelo Gomes, como os valores atingidos em diversos estados durante a fase de crescimento observada em 2021 foram extremamente elevados (em diversos estados o pico de 2021 foi superior aos picos de 2020), a retomada das atividades de maneira precoce pode levar a um quadro de interrupção da queda ainda em valores muito distantes de um cenário de segurança:
“Tal situação, caso ocorra, não apenas manterá o número de hospitalizações e óbitos em patamares altos como também manterá a taxa de ocupação hospitalar em níveis preocupantes, impactando todos os atendimentos, não apenas aqueles relacionadas à síndromes respiratórias e Covid-19.”
Levantamento feito a partir do Boletim do Observatório na semana epidemiológica 9 (28 de fevereiro a 6 de março) deste ano – quando o cenário epidemiológico se desenhava à beira do colapso com quase todos os estados em níveis críticos de ocupação de leitos – indica que a incidência média de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) era 15,5 casos por 100 mil habitantes. No momento atual, este indicador encontra-se em 11,4 casos por 100 mil habitantes, que é um valor extremamente elevado.
“Portanto, novos possíveis aumentos, em um cenário de flexibilização das políticas de contenção ou bloqueio da transmissão e da vigilância epidemiológica, poderiam reverter ao quadro crítico observado”, garante o pesquisador.
Média da idade de internações de todo o país está abaixo dos 60 anos
Estudo do Observatório Fiocruz Covid-19 mostra ainda que, pela primeira no Brasil, a media da idade de internações em geral e em UTIs de todo o país esteve abaixo dos 60 anos. Os dados são referentes à análise realizada pelos pesquisadores do Observatório, que comparou às semanas epidemiológicas 1 (03 a 09 de janeiro) e a semana epidemiológica 18 (02 a 08 de maio) de 2021. A media da idade das internações, ou seja, a idade que delimita a concentração de 50% dos casos, foi de 66 anos na Semana Epidemiológica (SE) 1, e 55 anos na SE 18. Já a média de idade de internações em UTI foi de 68 anos na SE 1, e 58 anos na SE 18.
Aliás, o ano de 2021 vem, a cada semana, apresentando o rejuvenescimento da pandemia. Diferentemente das últimas semanas, mais da metade dos casos de internação hospitalar e internação em UTI ocorreram entre pessoas não idosas. Em relação aos óbitos, embora a media ainda seja superior a 60 anos, ao longo de 2021 houve uma queda num patamar de 10 anos. Os valores de mediana da idade dos óbitos foram, respectivamente, 73 e 63 anos.
Do O Globo.