Covid-19: número de infectados em navios de cruzeiros dobra em dois dias

O número dos tripulantes de cruzeiros marítimos na costa brasileira diagnosticados com Covid-19 mais que dobrou em dois dias de testagem, segundo a última atualização da Anvisa, divulgada na noite desta quinta-feira (6). A temporada brasileira foi suspensa até o dia 21 de janeiro e três navios estão cumprindo em quarentena no Porto de Santos.

Cinco navios atuam nesta costa brasileira. Nestes navios, o número total de tripulantes com Covid-19 passou de 184 para 505, de acordo com os boletins emitidos pela Anvisa na última terça (4) e nesta quinta-feira à noite.

Os navios que registraram o maior número de casos entre os tripulantes foram o Costa Diadema, com 204 e o MSC Splendida, com 127. Os dois estão em quarentena no Porto de Santos. A embarcação que registra o menor número, 12, é o Costa Fascinosa.

O g1 entrou em contato com a MSC Cruzeiros e com a Costa Cruzeiros para saber se o tripulantes continuam nos navios ou realizam quarentena fora das embarcações, mas até a publicação desta reportagem, não obteve retorno.

Infectologista

Para o médico infectologista Marcos Caseiro, que atua no Hospital Guilherme Álvaro em Santos, no litoral de São Paulo, o aumento de casos confirmados está associado à testagem e o risco de exposição à infecção. “Se você testa mais, você acha mais”, avalia.

De acordo com os protocolos estabelecidos pela Anvisa, no mínimo 10% dos passageiros e dos tripulantes deveriam ser testados diariamente. Todos os trabalhadores, no entanto, devem ser testados semanalmente.

“Esses tripulantes têm mais contato com todos a bordo, mas os passageiros também se expõem passeando por todo o navio”, diz o médico. “Dentro de um navio, em um ambiente confinado, o risco do meu ponto de vista é equivalente para ambos”. Ele ainda defende que a população de passageiros deveria ser testada com mais frequência.

MSC Splendida

O MSC Splendida está com 127 casos positivos entre os tripulantes nesta quinta, segundo a Anvisa. Na terça-feira, eram 62 casos. Essa foi a primeira embarcação a entrar em quarentena no cais santista.

O navio MSC Splendida partiu do Porto de Santos no último domingo (26) para uma viagem de sete dias e foram impedidos de descer da embarcação em Balneário Camboriú por conta dos casos de Covid-19 confirmados a bordo. O navio retornou às pressas ao Porto de Santos na quinta (30), dias antes do previsto, e, na sexta (31) , confirmou a interrupção da operação da embarcação.

No domingo (2), passageiros que aguardavam para entrar no navio para uma nova viagem foram informados que a embarcação não seguiria viagem, após aguardarem no terminal de embarque durante todo o dia. A Anvisa informou que a embarcação já havia sido notificada no sábado (1º) sobre o impedimento do embarque por conta do surto de Covid-19 a bordo.

O MSC Splendida já havia tido sua operação interrompida no último dia 30, com passageiros isolados em suas cabines.

MSC Seaside

No MSC Seaside, os casos, que eram 65 na terça passaram para 87 tripulantes com Covid no último boletim. O aumento de casos positivos motivou a reclassificação da embarcação para o nível 4 do cenário epidemiológico, o que implica quarentena.

O cruzeiro, de oito noites, partiu de Santos no dia 30 de dezembro, passou pelo Rio de Janeiro, no Ano Novo, e tinha escala em Ilhéus, Salvador e Ilha Grande. Porém, não houve parada nestes locais. A volta para o cais santista estava prevista apenas para sexta-feira (7), mas foi adiantada devido à suspensão da temporada.

A embarcação chegou ao cais santista na manhã desta quinta para o desembarque de passageiros. Esse foi o último navio a desembarcar passageiros no Porto de Santos após a suspensão da temporada. Reclassificado para o nível 4, ele cumpre quarentena no cais santista.

MSC Preziosa

O MSC Preziosa passou de 25 para 75 casos positivos entre os tripulantes, conforme as atualizações da Anvisa. Dentre os navios da mesma companhia marítima, é o que conta com menos casos da doença.

A embarcação atracou no domingo no Porto do Rio de Janeiro, quando 28 pessoas desembarcaram para cumprir dez dias de isolamento. A embarcação está no nível 3 do cenário epidemiológico. Após o desembarque, o navio seguiu para Maceió, Salvador e, quando estava em Ilhéus, o transatlântico antecipou o retorno para o Rio por conta da suspensão da temporada.

O desembarque dos passageiros aconteceu nesta quarta-feira (5), no Rio de Janeiro. Ele está, atualmente, na área de fundeio do Porto de Santos.

Costa Diadema

O Costa Diadema passou de 30 casos positivos entre os tripulantes para 204 nesta quinta. A embarcação teve a operação interrompida no dia 30 de dezembro, e está classificada no cenário epidemiológico 4.

A companhia marítima Costa Crociere anunciou o cancelamento das próximas duas saídas do navio, que entrou em quarentena após o desembarque dos passageiros e permanece em Santos.

Costa Fascinosa

Os casos positivos entre os tripulantes a bordo do Costa Fascinosa somam 12. O número, apesar de ser o menor entre todos os cruzeiros, demonstrou um grande aumento em relação ao registrado dois dias antes, quando eram apenas 2 positivos.

Na quinta-feira, o navio chegou ao Rio de Janeiro para o desembarque dos passageiros da última viagem. Ele seguiu para Itajaí (SC) sem passageiros, onde ficará ancorado aguardando as novas decisões.

Suspensão da temporada

A temporada de cruzeiros foi suspensa voluntariamente pela Associação Brasileira de Navios de Cruzeiros (Clia) na segunda-feira (3), após casos de Covid serem confirmados a bordo e dois navios entrarem em quarentena.

Dias antes, a Anvisa já havia divulgado uma recomendação pelo imediato cancelamento das viagens de cruzeiro nesta temporada, alegando “urgência” e apontando “risco à saúde pública”. O Ministério da Saúde, por sua vez, divulgou que avaliaria as medidas cabíveis.

A pausa servirá para que a associação trabalhe para encontrar um alinhamento com o governo federal e autoridades locais na interpretação e aplicação de protocolos operacionais de saúde e segurança. A previsão é que a temporada retorne no dia 21 de janeiro.

Do G1.