João lamenta falta de ‘discurso alinhado’ entre Bolsonaro e Ministério da Saúde

Ele destacou que o atual cenário do Brasil diante da pandemia, com recorde de mortes nos últimos dias, mostra a necessidade de ter uma liderança que compartilhe um discurso único

O governador João Azevêdo (Cidadania) lamentou, nesta sexta-feira (15), durante entrevista à Band News FM, a falta de liderança do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), em relação ao apoio pelo retorno do funcionamento da economia nacional em meio à pandemia do novo coronavírus, contrariando as recomendações do próprio Ministério da Saúde.

De acordo com o governador, o atual cenário do Brasil diante da pandemia, com recorde de mortes nos últimos dias, mostra a necessidade de ter uma liderança que compartilhe um discurso único, com o apoio do ministro da Saúde, governadores, prefeitos e secretários de saúde estaduais e municipais, que tem adotado medidas para conter o avanço da doença no país. Para ele, o momento não permite pensar em flexibilização do isolamento social.

“Em um dos momentos mais difíceis da história desse país, nós precisávamos ter uma liderança que pudesse agregar toda luta contra o coronavírus e que promovesse um discurso único, com o presidente da República, o ministro da Saúde, os governadores, prefeitos e secretários de saúde de estados e municípios, e que todos tivessem a compreensão de que precisamos atuar de forma única. O Brasil tem hoje mais de 14 mil óbitos, estamos batendo recordes todos os dias, estamos subindo a ladeira, como podemos pensar em flexibilização?”, questionou.

João Azevêdo destacou que é contra a ideia de colocar em risco a vida da população em favor da economia, que segundo ele, pode se recuperar.

“Não sou defensor da lógica de “coloca todo mundo para trabalhar, vai morrer um bocado de gente aí e depois vai estar todo mundo contaminado e quem escapou, escapou e quem morreu, morreu”. Não consigo ter esse sentimento, enquanto cristão, enquanto cidadão que tem neto, filho, mulher, não consigo ter essa forma de pensar. Temos que ter sim responsabilidade com a economia, precisamos de medidas de auxílio para a economia, mas a economia se recupera”, destacou.

O governador ainda questionou qual seria a mensagem dos que defendem o retorno das atividades econômicas aos familiares das 160 vítimas da Covid-19 no Estado, e enfatizou a necessidade de uma liderança que possa unir o país diante dos esforços para combater a doença.

“Será que tem alguma palavra de conforto para essas 160 famílias que perderam seus entes queridos na Paraíba? O que um economista que defende a abertura livre e total de comércios vai poder dizer? Isso não é possível. Estamos numa ausência muito grande de uma liderança que pudesse unir o Brasil em torno do esforço que estamos fazendo para combater o coronavírus”, afirmou.