Coquetel de anticorpos para casos graves da Covid ganha aval da OMS

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou o uso de um coquetel contra a Covid-19 para dois grupos específicos de pacientes. Em um artigo publicado nesta quinta-feira (23) no periódico BMJ, a entidade detalha as indicações de uso dos anticorpos monoclonais casirivimab e imdevimab em pessoas com casos graves da doença, mas que não desenvolveram anticorpos, e naquelas que têm alto risco de hospitalização.

Os anticorpos monoclonais são proteínas criadas em laboratório, a partir de células vivas, para impedir a infecção pelo vírus Sars-CoV-2. O aval se baseia em três estudos, ainda não revisados por pares, que mostram que a combinação de anticorpos monoclonais reduz o risco de hospitalização e a duração dos sintomas em pessoas com maior risco de doença grave, como idosos, pacientes imunossuprimidos e indivíduos não vacinados.

Também foi considerada outra pesquisa, chamada Recovery, que relaciona o tratamento à redução de mortes e da necessidade de ventilação mecânica em pacientes soronegativos. No estudo, o coquetel resultou em 49 óbitos a menos a cada 1 mil pacientes com Covid-19 grave e em uma queda de 87 mortes a cada 1 mil indivíduos em estado crítico.

O tratamento é fruto de uma parceria entre as farmacêuticas Regeneron Pharmaceuticals, dos Estados Unidos, e Roche Pharmaceutical, da Suíça. Em abril, o coquetel demonstrou ser capaz de reduzir em 81% os casos sintomáticos de Covid-19 em pessoas que vivem na mesma casa que indivíduos que testaram positivo para o vírus.

Em comunicado, a OMS pede que empresas e governos revisem o preço elevado e a produção limitada do coquetel. Para torná-lo acessível em todo o mundo, a entidade está em contato com a Roche Pharmaceutical para doar e distribuir o tratamento por meio do Fundo das Nações Unidas para a Infância, o Unicef.

Junto à OMS, a farmacêutica pretende fabricar as drogas por preços mais baixos e distribuí-las de modo igualitário para atender países de baixa a média renda. “A OMS também pede o compartilhamento de tecnologia para permitir a fabricação de versões biossimilares para que todos os pacientes que possam precisar desse tratamento tenham acesso a ele”, diz a organização.

A entidade ainda cita como um desafio para a implementação dos anticorpos a aplicação intravenosa. Isso requer clínicas especializadas e equipe treinada para garantir a eficácia do tratamento. De acordo com comunicado do BMJ, é possível que o método tenha efetividade reduzida com novas variantes do Sars-CoV-2.

Da Revista Galileu