Denúncia: coordenador da campanha do PSDB em 2014 é acusado de receber propina

O programa Fantástico, da Rede Globo, revelou, neste domingo (22), o um esquema de pagamento de propina a políticos do Rio Grande do Norte. As irregularidades foram delatadas pelo empresário George Olímpio e teriam ocorrido entre 2008 e 2011, quando ele montou um instituto para prestar serviços de cartório ao Detran do estado. O instituto tinha a função de cobrar uma taxa de cada contrato de carro financiado no Rio Grande do Norte. Mas, segundo o Ministério Público, nessa taxa estava embutido o custo da propina.

Em um dos trechos de seu depoimento, Olímpio cita o senador José Agripino Maia (DEM-RN), coordenador da campanha do ex-presidenciável Aécio Neves (PSDB). Porém, qualquer referência ao candidato tucano foi ocultada na reportagem. Segundo o empresário, Agripino teria pedido mais de R$ 1 milhão no ano de 2010, em um encontro no próprio apartamento do político. “Subimos para parte de cima da cobertura de José Agripino, começamos a conversar e ele disse: ‘É, George, a informação que nós temos é que você deu R$ 5 milhões para a campanha de Iberê (governador à época)’”, afirmou.

De acordo com o delator, o senador ameaçou prejudicar o esquema ilícito realizado no Detran, se não recebesse o valor desejado. “Eu dei R$ 1 milhão para a campanha de Iberê. Ele disse: pois é, e tal, como é que você pode participar da nossa campanha? Eu falei R$ 200 mil. Disse: tenho condições de lhe conseguir esse dinheiro já. Estou lhe dando esses R$ 200 mil, na semana que vem lhe dou R$ 100 mil. Ele disse: ‘pronto, aí vai faltar R$ 700 mil para dar a mesma coisa que você deu para a campanha de Iberê’. Para mim, aquilo foi um aviso bastante claro de que ou você participa ou você perde a inspeção. Uma forma muito sutil, mas uma forma de chantagem; R$ 1,150 milhão foi dado em troca de manter a inspeção”, contou.

A inspeção a que ele se refere diz respeito à compra de uma lei que torna obrigatória a inspeção veicular no estado, mesmo naqueles veículos que acabaram de sair da fábrica, conforme explicou o promotor de Justiça Paulo Batista Lopes Neto. Para a lei ser aprovada rapidamente, George diz que contou com a ajuda do deputado Ezequiel Ferreira, do PMDB, hoje presidente da Assembleia Legislativa.