A observação racional do ecossistema midiático (rádio, TV, cinema, imprensa, Internet, impressos, pesquisas) sob a lógica do marketing político ideal pode captar algumas novidades para a prática cotidiana de uma atividade, o marketing, destinada basicamente a gerar necessidades. É só se concentrar um pouquinho no que acontece à nossa volta para perceber.
Entre as novidades, que não são poucas, destacaria a blogosfera, as redes sociais, os aplicativos para conexão interativa em tempo real, os canais de autopublicação, os algoritmos multiplataformas, as tecnologias cognitivas (busca semântica, smartphones, gerenciador de contatos, bancos de dados), os dispositivos comunicacionais inteligentes popularmente chamados de robôs…Como afirmei, muita coisa.
Isso num campo ideal, repito, em que tais processos e ferramentas estão disponíveis para pessoas ou grupos que pretendem se colocar num patamar especial. Um espaço-tempo em que a integração de tecnologias e processos acontece na perspectiva de fixação de novos métodos para abordagens do poder, suas práticas e principalmente conquistas. Conquistas de poder político para o bem ou para o mal.
E esses métodos incluem manejar, professar e expandir conceitos a exemplo de comunicação linear e não-linear e de qualimetrias numa época, Idade Mídia, também chamada “Era dos conteúdos comunicacionais líquidos”.
Mas a observação mal humorada desse mesmo ecossistema vai nos indicar que a prática do marketing político nesses dias de rupturas e golpes até agora agrupa processos que nada têm de novo. Pior: já estão com o prazo de validade vencido. Entre eles, a disseminação do ódio entre adversários através da manipulação dos meios de comunicação; a mudança dos nomes dos partidos, tentativa pueril de afastar seus integrantes do desgaste das legendas usadas para fins pouco republicanos; e a manipulação dos fatos de forma a depredar os adversários.
Mas essa manipulação desemboca muitas vezes naquilo que há alguns anos venho chamando de markecídio, neologismo que agrupa as palavras marketing, suicídio e homicídio.
O mais recente caso de markecídio político entre nós traz a assinatura dos grupos e políticos paraibanos que se opõem a tudo o que o governo do Estado realiza. E diz respeito o tiro no pé da oposição ao racionamento de água em Campina Grande.
A guerra pela água foi antecipada na Paraíba, e da pior forma possível. O viés eleitoreiro de uma oposição sem discurso pôs o dedo que acionou o sinal vermelho contra o verde do governo do Estado que trabalhou para suspender e conseguiu encerrar o racionamento em Campina Grande.
O fim começaria na próxima sexta-feira. Mas a Justiça entendeu, apesar do entendimento contrário das equipes de especialistas da Cagepa, do Departamento Nacional de Obras contra a Seca (Dnocs) e da Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado (Aesa), que o racionamento deveria continuar, e acolheu ação da Defensoria
Pública de Campina Grande nesse sentido.
Incrível, mas é verdade que enquanto milhares de famílias campinenses sonhavam com o acesso permanente à água para restabelecer o direito ao abastecimento permanente, um grupo minoritário buscava na Justiça impor à população a continuidade do pesadelo que é o racionamento.
Na fornalha sempre crepitante das redes sociais o que se diz e ouve em meio à oposição é que o governador quer usar a água da transposição que chegou em Campina Grande para turbinar a pré-candidatura ao Governo do secretário de Recursos Hídricos João Azevedo.
O antídoto aos efeitos positivos da ação governamental encontrado pelos estrategistas dos grupos opositores foi manter o racionamento. Caso típico de markecídio. A manutenção do racionamento, ao contrário do que pretendem os grupos opositores, escancara a hipocrisia de quem se diz defensor da população campinense ao mesmo tempo em que trama a continuidade do racionamento, um desconforto bastante agressivo contra justamente quem se quer supostamente defender.
Além de provocar a continuidade de um problema da população que o governo pode resolver imediatamente, a liminar que suspendeu o fim do racionamento caracteriza o teor politiqueiro da ação da Defensoria Pública de Campina Grande.
É até constrangedor explicitar a situação levando em conta a óbvia inteligência de leitoras e leitores. Tod@s já perceberam o quanto é simplória e até risível essa aposta na continuidade do racionamento como uma forma de tentar desgastar a imagem do Governo ou de bloquear o livre evoluir de uma pré-candidatura.
Simplesmente porque o que se faz é nada mais do que adiar o fim do racionamento; e das consequências do processo, entre as quais a consciência popular da positividade do ato. De resto, fica o ímpeto do Governo no desmascaramento da iniquidade da oposição. Vítimas que são os opositores, mais uma vez, de markecídio, doença infantil da politicagem.