Conheça o ‘tamanho’  do ministério que quase foi parar nas mãos de Manoel Júnior

O Ministério da Saúde sempre esteve na lista de desejos do PMDB. O que torna a pasta tão atrativa, além de um orçamento robusto, é a sua capilaridade e o poder diante de prefeitos e governadores. Algo essencial sobretudo agora, diante da proximidade das eleições municipais. Desde o início do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff, setores do PMDB estão de olho no que consideram o filé da área: a administração de hospitais federais e institutos no Rio.

A pasta, por pouco, não foi parar nas mãos do deputado federal paraibano Manoel Júnior (PMDB). Ele foi um dos indicados pela bancada peemedebista na Câmara, mas acabou sendo preterido por Dilma, sobretudo, depois do ‘bombardeio’ que recebeu de parte da mídia nacional.

“Boa parte da verba do ministério é transferência automática, não dá para mexer. Os hospitais federais dão mais autonomia. São o local ideal para abrigar grupos próximos, fazer contratos de ocasião”, afirma um administrador, que pediu anonimato. “Ali é preciso estar sempre de olho. Sai um grupo, entra outro.”

Este ano, o orçamento do Ministério da Saúde é de R$ 121 bilhões. Do total, R$ 3,5 bilhões foram reservados para a administração dos hospitais do Rio. O desejo de controlar essa fatia não foi atendido e o apetite aumentou. “O interesse não era à toa. Agora terão toda a pasta.”

A Fundação Nacional de Saúde, que em 2008 foi chamada de corrupta pelo então ministro José Gomes Temporão (ele também indicado pelo partido), não pode ser considerada uma conquista. Há anos ela é classificada como reduto do PMDB, que ocupa postos importantes da fundação tanto em Brasília quanto nos escritórios espalhados pelo País.

Embora vitrine, a pasta também é fonte de crises. Descontentamento de prestadores de serviços por valores baixos pagos por procedimentos, surtos, problemas nos planos de saúde são alguns dos percalços que boa parte dos ministros tem de lidar. O baque na popularidade – mesmo por dificuldades provocadas por falhas de esferas municipais e estaduais – invariavelmente é sentido por ministros.

Essas crises, no entanto, nunca são lembradas no momento da disputa pelo controle da pasta. Esta é a segunda vez que a área é cedida para PMDB em troca de apoio. A primeira vez foi em 2005, no governo Luiz Inácio Lula da Silva, com a crise do mensalão. Na época, saiu o ministro petista Humberto Costa para dar lugar ao deputado mineiro Saraiva Felipe. O movimento foi bem-sucedido. Os ânimos se acalmaram e o PT continuou no poder. Agora a situação se repete.

Escolhido para ocupar a pasta pela bancada do PMDB na Câmara, o deputado federal Marcelo Castro (PMDB-PI) está em seu quinto mandato consecutivo. Formado em Medicina pela Universidade Federal do Piauí (UFPI), em 1974, ele é doutor em psiquiatria pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

O novo ministro da Saúde já encabeça o movimento a favor da recriação da CPMF para o financiamento do setor. O peemedebista já defendeu inclusive que o chamado imposto do cheque seja permanente e propôs uma fórmula excêntrica na qual a taxa seria cobrada “tanto no crédito quanto no débito”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.