Condomínio denunciou agressão de médico a ex-esposa, mas polícia ‘barrou’ investigação

Essa decisão contraria o entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF)

Em abril de 2022, um condomínio em João Pessoa enviou à Polícia Civil imagens de uma câmera de segurança que flagrou o médico João Paulo Casado agredindo sua ex-companheira no elevador. O caso foi denunciado pelo condomínio 18 dias depois da filmagem. No entanto, a Delegacia de Atendimento Especializado à Mulher (Deam) não abriu inquérito para apurar o caso, sob o argumento de que a vítima não quis representar contra o agressor.

Essa decisão contraria o entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF), que desde 2012 determina que casos de violência doméstica devem ser investigados independentemente da vontade da vítima.

Após a denúncia formal da vítima, em agosto de 2023, o caso agora é investigado pela polícia. Na terça-feira (12) a polícia pediu a prisão preventiva do médico.

A delegada Paula Monalisa, sub-coordenadora das Deams, disse que intimou a vítima e ofereceu atendimento psicológico, mas ela recusou e disse que amava o marido e que não queria nenhuma punição para ele.

“Lhe foi oferecido um atendimento psicológico, ela foi ouvida por uma psicóloga e, realmente, estava dentro de um contexto de violência doméstica. Mas ela alegou que foram as primeiras agressões, que amava muito seu marido e que não queria nenhum tipo de reprimenda contra ele, então a delegacia achou por bem não dar prosseguimento ao caso”, disse a delegada.

Meses depois do primeiro vídeo, outro registro de violência contra a vítima aconteceu, em 7 de setembro de 2022. Desta vez, dentro de um carro. A mulher é agredida com socos e empurrões pelo suspeito.

As imagens foram divulgadas no último domingo (10) pelas redes sociais do site Paraíba Feminina. Além do vídeo de abril de 2022, que mostra a vítima sendo agredida na frente de uma criança, filha do médico, outras imagens, de setembro do ano passado, mostram uma segunda agressão, dentro de um carro.