Comissão da Mulher realiza debate sobre mortalidade materna na Paraíba

A Comissão do Direito da Mulher da Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB) realizou, nesta quarta-feira (17), uma audiência pública para debater a mortalidade materna no Estado. “Nós, enquanto poder público, não estamos cuidando bem de nossas gestantes e elas estão morrendo, seja por falta de um pré-natal bem feito e até pela ausência de um atendimento médico adequado”, disse a presidente da Comissão e autora da propositura, deputada estadual Camila Toscano (PSDB).

A audiência contou com a participação de especialistas da área de saúde, movimento de mulheres, representantes da sociedade civil organizada, além dos deputados Dinaldinho Wanderley (PSDB), Renato Gadelha (PSC) e Estela Bezerra (PSB).

Camila lembrou da história de três mulheres que morreram este ano vítimas de mortalidade materna. “Hoje estamos aqui reunidos para lembrar das Marias, Franciscas e Lídias que morreram ao dar a luz aos seus filhos e discutir esse assunto traz tanta dor aos lares, que é a mortalidade materna”, disse.
Para o presidente da Sociedade de Ginecologia da Paraíba, Roberto Magliano, o país precisa de comprometer em reduzir os índices de mortalidade materna. “Infelizmente a assistência de saúde ainda é deficiente”, afirmou.

Segundo o representante da Universidade Federal da Paraíba e do Comitê Estadual para Redução da Mortalidade Materna, Eduardo Sérgio Soares, a morte materna não aumentou no estado, ela apenas passou a ser diagnosticada. As autoridades precisam rever a distribuição das maternidades nos municípios para que as mulheres passem a ter segurança. “Temos que mudar esse quadro. Até porque somos responsáveis pelo nascimento dos nossos filhos”, destacou.

“Com o advento do Programa Mais Médicos a Paraíba passou a atuar em mais municípios. Os Núcleos de Saúde da Família passaram a atuar de forma mais efetiva e estão reduzindo a mortalidade materna”, comentou a Gerente Executiva da Secretaria de Saúde do Estado, Patrícia Assunção.

Mortalidade materna – A Paraíba é o quinto estado com maior índice de mortes maternas. Nos últimos anos, de 2011 a 2013, a Paraíba teve um aumento de 44% nas mortes de mulheres em decorrência do parto.
Foram registrados no Estado 54 mortes para cada 100 mil mulheres. Segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde, este ano, das 12 mortes maternas, sete foram somente em Campina Grande, que conta com três maternidades públicas e atende mulheres de várias cidades.

As causas – Estudos mostram que em algumas regiões, como o estado da Paraíba, marcado pela escassez nos recursos referentes à área da saúde, os números de mortalidade materna são preocupantes, e grande parte deles ocorre nas classes desfavorecidas.

As maiores causas das mortes estão relacionadas a hipertensão gestacional, hemorragia, aborto, infecção pós-parto e doenças circulatórias. “O que nos causa revolta é que muitos desses casos de doenças e mortes podem ser prevenidos com um acompanhamento médico durante a gestação”, comentou Camila.