Com 4 times na Série A em 2018, Nordeste está longe de recorde da década de 60

Nordeste terá 20% dos times no próximo Campeonato Brasileiro. Com o acesso do Ceará, e a manutenção de Bahia, Sport e Vitória na Série A, a região terá pela primeira vez quatro times disputando a elite do futebol nacional desde a implantação dos pontos corridos, em 2003. Algo histórico, sem dúvida, mas longe de ser um recorde.

Isso porque, nas várias fórmulas do Campeonato Brasileiro desde 1959 (ano da primeira Taça Brasil, posteriormente reconhecida pela CBF como título de primeira divisão), a região já teve mais representatividade se for levada em consideração o número total de participantes. Em números absolutos, nada supera o Brasileirão de 1979, quando nada menos que 30 times do Nordeste disputaram o campeonato, na época inchado por 94 clubes.

Info-O-NORDESTE-NO-BRASILEIRÃO 2 (Foto: infoesporte)Info-O-NORDESTE-NO-BRASILEIRÃO 2 (Foto: infoesporte)

Info-O-NORDESTE-NO-BRASILEIRÃO 2 (Foto: infoesporte)

Bem, mas estamos falando de representatividade. E aí nada supera a participação dos nordestinos na Taça Brasil de 1962. Foram nove times na disputa, entre os 18 que jogaram a edição daquele ano. Ou seja, metade dos clubes daquele ano eram da região nordestina.

Os times do Nordeste que participaram da Taça Brasil de 1962 foram ABC, Bahia, Campinense, Ceará, CRB, Sampaio Corrêa, River-PI, Sergipe e Sport

Na verdade, o regulamento da Taça Brasil ajudava. Isso porque apenas os campeões estaduais entravam na disputa. Com mais estados, era natural que o Nordeste tivesse o maior número de times na competição. Nas dez edições que o torneio foi realizado, o número de nordestinos nunca foi inferior a sete. E o número máximo de participantes no geral não ultrapassou 22.

Apenas um campeonato sem nordestinos

Foi com a primeira grande reformulação do futebol brasileiro que o Nordeste começou a perder espaço. Justamente na extinção da Taça Brasil, que deu lugar ao Torneio Roberto Gomes Pedrosa. As duas competições ainda conviveram juntas por dois anos (1967 e 1968), mas já era evidente o caráter de Campeonato Brasileiro da segunda.

Foi justamente na transição da Taça Brasil para o Robertão que o Nordeste ficou pela única vez sem representante numa competição equivalente à primeira divisão. Isso aconteceu no Robertão de 1967, quando nenhum dos 15 participantes era da região.

O Campeonato Brasileiro da era conteporânea teve início em 1971, e foi uma sequência do RPG. Logo na primeira edição, foram quatro times do Nordeste entre os 20 participantes, exatamente a mesma representatividade do próximo ano.

A era dos campeonatos inchados

A sequência do Campeonato Brasileiro teve uma participação direta da política. Em tempos de ditadura militar, a antiga CBD ia moldando seus regulamentos e o número de times. Os campeonatos tinham sempre mais e mais: 1975 (42 times), 1976 (54 times), 1977 (62 times), 1978 (74 times) até chegar ao incrível ano de 1979 (quando 94 times jogaram o Brasileirão).

É lógico que o Nordeste foi gentimente contemplado com vagas. Afinal, o lema era “onde a Arena vai mal, mais um time no Nacional”. E isso levou 30 times a disputarem o Brasileiro de 1979, representando cerca de 30% dos participantes daquele ano.

O CRB, de 1979: um dos 30 times nordestinos que disputaram o Campeonato Brasileiro daquele ano, o último organizado pela CBD (Foto: Arquivo Museu dos Esportes)

O CRB, de 1979: um dos 30 times nordestinos que disputaram o Campeonato Brasileiro daquele ano, o último organizado pela CBD (Foto: Arquivo Museu dos Esportes)

A vida pós Copa União

Curiosamente, a CBD foi extinta em 1979. E com a criação da CBF, veio um novo freio de arrumação no futebol brasileiro. A criação de Taça de Ouro, denominação do Campeonato Brasileiro na década de 80, voltou a valorizar os estaduais. O número de participantes foi reduzido (a média era de 40 por campeonato), mas ainda assim a participação nordestina era forte.

Após o confuso Brasileiro de 1986 veio a Copa União no ano seguinte. A partir daí, a realidade mudou. Jogar a elite do Brasileiro era um privilégio para poucos e bons times nordestinos. Para se ter uma ideia, de 1987 para cá, nenhum time da Paraíba, Alagoas, Maranhão, Piauí e Sergipe conseguiram mais disputar a primeira divisão.

A era dos pontos corridos e o recorde de 2018

Em 2003 foi estabelecido o modelo atual, com pontos corridos. Desde então, nunca o Nordeste teve mais do que três times disputando o Campeonato Brasileiro.

Isso vai mudar em 2018. Com o acesso do Ceará, e com Bahia, Sport e Vitória se mantendo na Série A, serão quatro nordestinos. Antes disso, o máximo que a região tinha conseguido era colocar três times jogando juntos a primeira divisão – o que aconteceu em nove oportunidades.

Terceiro colocado na Série B, Ceará volta a disputar o Brasileirão em 2018. Com isso, serão quatro nordestinos na disputa (Foto: Thiago Gadelha / Agência Diário )Terceiro colocado na Série B, Ceará volta a disputar o Brasileirão em 2018. Com isso, serão quatro nordestinos na disputa (Foto: Thiago Gadelha / Agência Diário )

Terceiro colocado na Série B, Ceará volta a disputar o Brasileirão em 2018. Com isso, serão quatro nordestinos na disputa (Foto: Thiago Gadelha / Agência Diário )

A todo, 42 nordestinos já jogaram o equivalente à primeira divisão do Campeonato Brasileiro, considerando as várias denominações e formatos. O Bahia é o que mais jogou, tendo feito a sua 45ª participação em 2017. Depois dele, aparecem Sport (39), Vitória (38), Náutico (32), Santa Cruz (24) e Fortaleza (20).

Nos outros estados, os campeões de participações são CSA-AL (17), América-RN (15), Sampaio Corrêa-MA (12), Sergipe (12), Treze-PB (8) e River-PI (8). Fonte: G1.