Cinco lições sobre racismo para aprender com a série “Cara Gente Branca”

Disponível no catálogo da Netflix há duas semanas, a série “Cara Gente Branca” gerou polêmcia desde o lançamento de seu trailer, quando usuários chagaram a acusar a atração de ser ofensivas aos brancos e promover racismo reverso.

O clipe de 30 segundos que promovia a série chegou a ter uma avalanche de avaliações negativas no Youtube e até mesmo uma campanha surgiu nas redes sociais para que o serviço de streaming fosse boicotado.

O protesto, evidentemente, surtiu o efeito contrário, trazendo mais atenção para “Cara Gente Branca”, que não só foi ao ar, como chegou a ter 100% de avaliação de usuários no site Rotten Tomatoes, além de estimular posts de pessoas se desculpando por atitudes racistas com a hashtag #dearblackpeople.

Derivada do filme homônimo de Justin Simien, lançado em 2014, “Cara Gente Branca”  dá vários passos além e é ainda mais relevante que o longa, já que chega ao público num momento considerado “pós-racista”.

Além de uma boa produção, a série tem atuações profundas e direção premiada (o quinto e mais forte episódio foi conduzido por Barry Jenkins, nome por trás de “Moonlight”, filme que ganhou o Oscar este ano).

A série é muito didática e dá pra aprender bastante sobre racismo ao assisti-la. Confira a lista:

O racismo não acabou

Uma das melhores características de “Cara Gente Branca” é que a série não trata o racismo como uma aberração, mas sim como um problema social tão enraizado na sociedade que é impossível não usar o humor a serviço da crítica. Por isso, é ao mesmo tempo chocante e engraçado ver diálogos como: “Meu Deus, mas isso é racismo”. “É, eu sei, achei que Barack Obama tinha dado um fim nele”.

Blackface é muito ofensivo

Uma festa blackface, a técnica teatral na qual pessoas brancas de negras para imitá-las de forma caricata, é o acontecimento que desencandeia os conflitos raciais retratados na universidade fictícia na qual se passa a história de “Cara Gente Branca”. A prática é uma das formas mais antigas de racismo e, séculos depois de sua criação, continua apenas sendo ofensivas, em vez de soar como uma homenagem ou brincadeira, como defende quem a pratica.

Negros não são todos iguais

Além de ser uma série sobre racismo, “Cara Gente Branca” também é sóbre pluralidade. Focada em quatro personagens diferentes, ela mostra que há várias formas de se reconhecer como negro e experimentar a vivência universitária. Há o introspectivo que não quer se encaixar em estereótipos, a mulher que prefere se misturar às elites para fugir de uma vida repleta de preconceitos, o militante radical que vive para a luta, e há também quem acredite que “apenas ser negro e não preocupar com isso é uma forma de revolução”.

Negros podem ser mortos apenas por serem negros

Denunciado pelos ativistas do movimento Black Power nos anos 1960, o racismo institucional é o “fracasso coletivo de uma organização em fornecer um serviço adequado e profissional às pessoas por causa de sua cor, cultura ou origem étnica”. Em alusão a casos recentes de negros mortos pela polícia dos Estados Unidos, o quinto episódio da série mostra a polícia do campus chegando para conter uma confusão em uma festa e apontando uma arma justamente para quem? Para o estudante negro Reggie (Marque Richardson).

O racismo está no dia a dia

Sabe aquele tipo de coisa que brancos dizem sem saber que estão sendo realmente racistas? Exemplo: “ele é um negro de alma branca”. “Cara Gente Branca” tem referências como essa a cada cena. Como quando uma personagem branca diz que nunca transou com um negro, mas que batizou seu aparelho masturbatório de Idris, em homenagem ao ator Idris Elba. Ou ainda quando um personagem negro diz que não assiste “Game of Trones” porque é “aquela série que todo mundo adora, mas que pouca gente repara que todos os personagens são brancos, menos os escravos”.

As informações são do Uol.