A médica Ludhmila Hajjar disse nesta segunda-feira (15) que não aceitou substituir Eduardo Pazuello no Ministério da Saúde porque não havia “convergência técnica” entre ela e o governo. Em entrevista à GloboNews, Ludhmila defendeu medidas de isolamento social para reduzir a mortalidade e prioridade à negociação de vacinas. “Cenário no Brasil é bastante sombrio”, afirmou.
Segundo ela, o que o governo esperava não se encaixa no seu perfil, qualificação e linha que segue.
A médica também defendeu que o Ministério da Saúde se preocupe em orientar equipes médicas sobre a melhor forma de atender pacientes com Covid-19, criando referência nacional de protocolo. “Não dá para esperar dezembro a população ser vacinada.”
O nome da médica encontrava respaldo entre parlamentares e integrantes do Supremo Tribunal Federal. No domingo, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), Lira disse numa rede social que o enfrentamento da pandemia “exige competência técnica” e “capacidade de diálogo político” e que enxerga essas qualidades em Ludhmila.
Ela disse que espera uma mudança de rumo na condução da Saúde no país.
Segundo ela, a preocupação do governo é com a economia e os impactos sociais.
Ataques
Após a revelação pelo blog da Andréia Sadi de que ela era a principal cotada para assumir o Ministério da Saúde no lugar de Eduardo Pazuello, a médica passou a ser alvo de ataques das redes bolsonaristas. Em entrevista, ela disse que recebeu ameaças e que tentaram entrar em seu hotel.
Ludhmila, que se encontrou com Bolsonaro no domingo (14) em Brasília, voltará ainda nesta segunda para São Paulo, onde ela é supervisora da área de Cardio-Oncologia do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e coordenadora de cardiologia do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo.
Ainda na entrevista, a médica defendeu uma união em busca de vacinas para o país.
Para ela, houve falta de negociação de doses com os fabricantes, “por subestimar a gravidade da pandemia”.
Outros cotados
O governo cogita outros nomes para o cargo de Pazuello, como o médico Marcelo Queiroga. Ele já foi indicado para a presidência da Agência Nacional de Saúde Suplementar e aguarda a sabatina pelo Senado.