Cely Farias interpreta poemas de Marcus Alves no Festival Internacional de Música da UFPB

“Meu juízo não se entende com meu corpo que afunda sereno na piscina salgada do meu mar”. Este é um fragmento do poema Sereno Sertão, de Marcus Alves, que será interpretado pela atriz Cely Farias na noite desta quarta-feira (14) durante o II Festival Internacional de Música de Câmara, realizado pelo Programa de Pós-Graduação em Música (PPGM) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

Cely Farias, mestre em artes cênicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), contou que esta é a segunda vez que interpreta poemas de Marcus Alves. O primeiro contato que ela teve com a obra do escritor foi ainda em 2010 quando encenou poemas do livro “O Eterno e o Provisório”, na abertura do Festival Poesia Encenada do Serviço Social do Comércio (SESC). À época o escritor Marcus Alves era o homenageado no projeto Parede Poética.

Agora Cely Farias vai dar vida a um conjunto de poemas extraídos do livro Arqueologia, publicado pela editora Moura Ramos, no qual Marcus Alves tematiza problemas e situações da vida urbana do homem contemporâneo. “Desta vez tenho novas obras nas mãos, um novo desafio para defender, na fala, palavras tão contundentes na escrita”, acrescenta a atriz, que atualmente também está dirigindo a minissérie O Sumiço de Santo Antônio, em fase de gravação pela TV UFPB.

O desafio ao qual ela se refere não diz respeito apenas à encenação dos poemas de Marcus Alves, mas principalmente para ambientá-los no contexto musical do II Festival Internacional de Música de Câmara. Enquanto a atriz imagina a performance poética, os músicos Guillaume Tardif (Violino), Ulisses Silva (viola) e Luciana Noda (piano) darão vida às músicas de Béla Bartók, Brenno Blauth e August Klughardt.

Este último, por exemplo, criou algumas de suas peças musicais como Schilflieder, para oboé, viola e piano, a partir da obra de Nikolaus Lenau, poeta austríaco que viveu entre 1802 a 1850. Lenau teve muitos de seus poemas como fonte de inspiração para música. Além de August Klughardt, músicos como Schumann, Franz Liszt e Richard Strauss criaram poemas sinfônicos a partir da poesia de Lenau.

Um dos objetivos do II Festival de Música de Câmara é justamente estabelecer um diálogo entre música e literatura. No último sábado, o poeta Sérgio de Castro Pinto recitou seus próprios poemas e o pianista norte-americano David Witten interpretou músicas de Mario Castelnuovo-Tedesco, Debussy e Jean-Philippe Rameau. Nesta quarta-feira, a partir das 20h, na sala Radegundis Feitosa (UFPB), será a vez da atriz Cely Farias dar vida aos poemas de Marcus Alves que muitas vezes faz diversas referências musicais a John Cage – compositor e escritor norte-americano, considerado uma das figuras chaves da vanguarda do pós-guerra (1945). Com informações do VirtuPB