O Centro Estadual de Arte da Paraíba (Cearte-PB), em parceria com a Gerência Executiva de Jovens e Adultos e Educação para Pessoas Privadas de Liberdade (GEEJA), promove uma ação socioeducativa que desenvolve ações terapêuticas e artísticas para mulheres em situação de liberdade cerceada por determinação da Justiça. A atividade é também uma iniciativa da Secretaria de Estado da Educação e irá acontecer neste domingo (15), na Unidade Prisional Feminina de Patos, no Sertão paraibano.
“O projeto ‘Afetos Livres: Mente Sã’ é uma proposta da equipe de Célia Varela, gerente da Educação de Jovens e Adultos, que nos convidou e nos aproximou de um setor de grande importância para nós do Cearte-PB, que são as mulheres privadas de liberdade, onde vamos realizar a primeira ação e depois iremos continuar. Essa é a ideia: seguir semeando essa iniciativa por todo o Estado, sempre em parceria com a GEEJA, através de um trabalho de visitas educativas”, explicou Laura Moreno, diretora do Cearte-PB e uma das coordenadoras da ação.
O objetivo central da ação é levar às mulheres privadas de liberdade alguns recursos educativos, terapêuticos e artísticos por meio da Dança, usando estratégias de educação somática, que reúne várias técnicas que utilizam o corpo como base. Estas, por sua vez, também podem ser utilizadas em algumas formas de terapia.
“Queremos que elas possam extrair desse encontro alguns saberes que impactem positivamente o seu dia-a-dia”, complementou Laura. “Que as mulheres privadas de liberdade sejam reconhecidas em seus direitos sociais e cidadãos”, detalhou a diretora do Cearte-PB.
Pelo mesmo caminho, a atual gerente do GEEJA, Célia Varela Bezerra, destacou que essa é uma ação que visa integrar as famílias no momento de visita nas unidades prisionais para as mulheres. “Esse projeto irá integrar uma ação que a gente chama ‘Ação Itinerante, Afetos Livres e Mente Sã’, uma mediação, que tem como propósito criar um ambiente lúdico, de contato com arte a cultura, com a leitura, que promove essa integração das mulheres privadas de liberdade com sua família. Desse modo, queremos criar um ambiente muito importante em que elas possam acessar práticas culturais, para trabalhar a questão da saúde emocional. E nesse sentido foi muito importante a gente estabelecer a parceria com o Cearte-PB”, pontuou Célia.
A subgerente do GEEJA, Eliana Aquino, endossa o posicionamento em favor de ações dessa natureza. “A educação em prisões é reconhecida como uma das principais políticas para inclusão, que ajuda na prevenção da criminalidade”, defendeu ela.
Ênfase na questão étnico-racial – Há também uma ênfase especial na abordagem da questão étnico-racial, tendo em vista que as mulheres negras e pardas são a maioria entre as que se encontram privadas de liberdade. Pensando nisso, Laura Moreno convidou a coordenadora administrativa do Cearte-PB, Rosiany Silva, que é também educadora popular e ativista do Movimento Negro, para participar de um dos momentos da ação.
“O sistema de segurança e prisional no nosso país segue o cruel curso da história, especialmente no que se refere à colonização e escravização de pessoas negras. Continuamos vivendo sob essa estrutura com raízes da discriminação, preconceitos contra a população negra, e as unidades prisionais são reflexo disso. Acho fundamental que a questão étnico-racial seja ressaltada”, contextualizou Rosy, como é conhecida dentro do Cearte-PB.
Uma ação coletiva – Também participa desse projeto a terapeuta holística Maria das Graças de Lima Carneiro, que esteve à frente da primeira iniciativa do tipo, na Paraíba, realizada no Presídio Feminino Maria Júlia Maranhão, em João Pessoa (PB).
Graça considera que esta é uma iniciativa coletiva, envolvendo vários atores e entidades e que, por isso, necessita ser uma ação que deve ser “organizada pensada de forma itinerante, para percorrer as unidades prisionais femininas de toda a Paraíba!”, concluiu ela.