Cauã Reymond sobre eutanásia: ‘Sou a favor da pessoa fazer o que quiser’

Renomada bailarina, Beatriz é atropelada após um espetáculo de dança e fica tetraplégica. Abalada com o fato de que não poderá voltar a fazer o que ama, ela faz um pedido dramático ao marido, Maurício: quer morrer por eutanásia. Após realizar ilegalmente o desejo da mulher, ele será preso e quando sair da penitenciária terá o desejo de se vingar do homem que atropelou sua mulher.

Essa é a trama que envolve os personagens de Marjorie Estiano e Cauã Reymond na minissérie “Justiça”, que estreia na Globo nesta segunda-feira, 22. “Esse personagem me traz um lugar diferenciado na dramaturgia dentro da televisão. É diferente de tudo o que eu já fiz”, diz o ator, no intervalo de uma gravação acompanhada pelo EGO. “Há um embate: o que é justo e o que é vingança? O que está dentro da lei e o que não está?”, reflete.

Para Cauã, a abordagem de um tema polêmico como a eutanásia pode propor uma forma diferente de encarar o assunto. “Gosto quando há opiniões contrárias e diálogo. Tem uma atleta paralímpica belga que está pensando na eutanásia após a competição e a Bélgica é um dos países onde isso é permitido (desde 2002 para doentes incuráveis que padeçam de um sofrimento físico e psíquico insuportáveis). Se a minissérie fizer a gente repensar a lei, faz sentido, sim, abordar esse tema”, diz.

Questionado se é contra ou a favor, Cauã não foge da pergunta. “Sou a favor de sempre estar dentro da lei, mas também sou a favor da pessoa fazer o que quiser. Cada um tem consciência do que quer pra si, principalmente quando está lúcida. Mas isso tem que ser discutido dentro da lei”, frisa.

“Uma das coisas que me ajudou neste trabalho foi estar aberto para entender a situação. Eu realmente não gostaria de estar na pele dele. Em alguns dias, voltei para casa muito mexido após a gravação das sequências mais fortes com a Marjorie no hospital, com a questão da eutanásia. Isso me trouxe um diálogo interno que nenhuma preparação traz”, conta.

Para se desligar das cenas fortes, ele teve a ajuda da filha, Sofia, de 4 anos, fruto do relacionamento com Grazi Massafera. “Após o nascimento dela, passei a ter uma facilidade muito grande de me desconectar dos trabalhos. Quando você chega em casa e sua filha sorri pra você dizendo ‘papai’, o assunto já mudou”, garante.

“A paternidade me ajudou muito nisso e me fez muito bem. Acho que fui melhorando no meu ofício por conseguir me desconectar e conectar. Passei a curtir mais o que estava fazendo e diferenciar quem era eu e quem era o personagem. Isso me deixou aprofundar e teve uma época que parei de gostar de me assistir. Prefiro mais ouvir o que as pessoas têm a dizer, cansei de bater palmas para mim mesmo”, confessa.

As informações são do EGO.