Logo após o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir afastar o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e determinar o recolhimento noturno do parlamentar em casa, senadores tucanos afirmaram que a decisão da Suprema Corte “cerceia a liberdade” de Aécio e que, por isso, o Senado deve se manifestar sobre o assunto.

De acordo com a Constituição Federal, “desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão”.

Isso quer dizer que, nos casos de prisão em flagrante de senadores, por exemplo, o Senado deve, em um prazo de 24h, autorizar ou não a manutenção da prisão. O artigo da Constituição, porém, não prevê a manifestação da Casa no caso de recolhimento domiciliar de parlamentares.

“Nós sabemos que não houve decretação de prisão, mas houve uma determinação de que o senador permaneça em sua residência no período da noite, sem poder sair. Isso é, de certa forma, o cerceamento a sua liberdade”, argumentou o líder do PSDB, Paulo Bauer (SC).

Na mesma linha, o vice-presidente do Senado, Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), entende que o Senado deve se reunir para debater o tema.

“A partir da notificação que deverá chegar nas próximas horas do STF, por analogia, uma vez que nós temos uma prisão noturna, domiciliar, o plenário do Senado terá que se manifestar sobre essa decisão do STF que determinou o cerceamento de liberdade parcial do senador Aécio”, opinou Cássio.

“A Constituição impõe, no nosso entender, a manifestação do plenário do Senado”, completou senador da Paraíba.

Os tucanos também afirmaram que a decisão do STF “surpreendeu” aos parlamentares. Eles lembram que, em decisão monocrática, o ministro Marco Aurélio havia devolvido o mandato de Aécio e também negado pedido de prisão contra o parlamentar.

A decisão do Supremo saiu no momento em que o Senado analisava proposta que cria um fundo eleitoral para financiamento de campanhas. Na condução dos trabalhos, o presidente da Casa, Eunício Oliveira (PMDB-CE), ainda não comentou o tema.

Auxiliares de Eunício afirmam que o parlamentar aguardará a notificação do STF para fazer um comentário sobre o tema. As informações são do G1.