Caso Gael: paraibana, mãe não lembra de nada e ‘está em paz’, diz advogado

"Primeira coisa que ela fez quando me viu foi por a mão na cabeça e perguntar 'o senhor sabe onde está o Gaelzinho?' E eu tive de dar a notícia", afirma o defensor

Indiciada por homicídio qualificado pela morte do filho Gael, de 3 anos, Andréia Freitas de Oliveira, de 37 anos, não se lembra do crime, não quer contato com a família e está “em paz, sereníssima”, segundo o advogado da suspeita, Fábio Gomes da Costa, em entrevista ao UOL na tarde desta quarta-feira (12). Ontem, Andréia foi transferida para a Penitenciária Tremembé 1, no interior de São Paulo.

De acordo com o advogado, seu primeiro contato com Andréia foi feito ontem na delegacia, por volta das 6h.

“A primeira coisa que ela fez quando me viu foi por a mão na cabeça e perguntar ‘o senhor sabe onde está o Gaelzinho?’ E eu tive de dar a notícia”, afirma o defensor.

Ela desabou a chorar e só consegui continuar com a conversa 40 minutos depois.

Em paz e sem remorso

Quando a conversa foi retomada, o advogado perguntou o que havia acontecido. “Ela falou ‘eu não lembro'”, conta o advogado, que relatou um apagão na memória de Andréia.

Ela teria contado ao advogado que estava na cama na noite de domingo com as crianças quando teria sentido febre. “Ela foi tomar uma chuveirada e apagou no banheiro”, relata.

Andréia teria recobrado a consciência apenas “no momento em que foi tirada do banheiro, colocada numa cadeira de rodas e visto na rua carros com luzes”, conta o advogado. Segundo o boletim de ocorrência, esse foi o momento em que ela foi resgatada pela polícia do banheiro, onde foi encontrada em posição fetal.

Ainda segundo o defensor, “a ficha não caiu até agora”, mas ela não sofre de remorso e está em paz. “Ela tem tristeza por ter perdido o filho. Mas ela não sente remorso porque não se coloca na condição de autora”, diz.

Ontem ela me disse uma coisa que me chamou a atenção. Ela disse que está em paz. Ela está sereníssima, remorso zero. Tristeza? Não é uma tristeza profunda, não está desesperada

Sem contato com a família

De acordo com o advogado, Andréia não quer contato com nenhum familiar. Ontem, sua mãe biológica a procurou na delegacia, mas Andréia não quis recebê-la. Segundo Costa, “ela tem muita mágoa da mãe”. Andréia ainda cogita a possibilidade de falar com a tia-avó, com quem morava e que ajudava na criação de Gael.

“Tentamos contato com a tia-avó hoje pela manhã, mas ela não quis nos receber. Eu tinha alguns recados para entregar, mas não pude”, diz o defensor, que tentava atender a um pedido de sua cliente:

“Ela me pediu para trazer um livro, ‘o que o senhor quiser, mas se tiver a oportunidade, quero o meu livro de Salmo 23 prateado e a minha Bíblia verde'”, relata.

Prisão especial

A Justiça ainda avalia se Andréia irá ao Tribunal do Júri, o que deve ocorrer, segundo o defensor. Ele diz que ainda avalia se pede um laudo psiquiátrico de sua cliente para decidir se pede transferência para uma prisão psiquiátrica.

De acordo com o advogado, ela não surtou por tomar remédios para emagrecer, mas sofria com os traumas de seu casamento, ocorrido entre 2007 e 2012, com o pai de sua filha adolescente. O advogado afirma que ele era “controlador, agressivo, chantagista”. O apartamento em que ocorreu o crime, diz, foi cedido pela avó da menina.

Procurado, o ex-marido não foi encontrado para comentar.

Do UOL