Carta pela democracia ultrapassa marca de 1 milhão de assinaturas

Documento, que foi aberto ao público em 26 de julho, alcançou a marca 16 dias após o lançamento. A cifra foi atingida pouco antes das 22h

Lida nesta quinta (11) por juristas na faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo), a “Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito” ultrapassou hoje o número de um milhão de assinaturas. O documento, que foi aberto ao público em 26 de julho, alcançou a marca 16 dias após o lançamento. A cifra foi atingida pouco antes das 22h.

Este é um dos textos que foram lidos hoje no Largo São Francisco, na capital paulista. Mais cedo, houve também a leitura do manifesto em defesa da democracia e da Justiça, capitaneado pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). Esta carta não teve coleta pública de assinaturas, mas foi endossada por mais de cem entidades.

O documento organizado pela USP é inspirado em uma carta pela democracia escrita em 1977 pelo professor Goffredo Telles Junior, morto em 2009 aos 94 anos. Dos seis juristas que redigiram a carta atual, cinco estavam na faculdade à época daquele texto, que se posicionava contra a ditadura militar.

Quando a carta foi escrita? A carta foi escrita no início de julho e coletou, inicialmente, cerca de 3 mil assinaturas entre ex-ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), juízes, acadêmicos da USP e de outras universidades, procuradores, advogados e algumas celebridades, como as atrizes Alessandra Negrini e Cissa Guimarães, o ator Eduardo Moscovis e os cantores Arnaldo Antunes e Chico Buarque.

Semanas depois, o documento foi publicado e alcançou 100 mil assinaturas em menos de 24 horas. Em seis dias, o número de adesões ultrapassava 600 mil, e passava incluir mais uma série de famosos, como as atrizes Fernanda Montenegro, Marieta Severo e Marisa Orth, os cantores Alceu Valença e Milton Nascimento e as cantoras Anitta, Linn da Quebrada e Luísa Sonza.

Qual é o objetivo da carta? “Buscamos fazer um texto amplo e suprapartidário, sem preferências políticas, para que pudéssemos buscar o apoio do maior número possível de pessoas”, explica o juiz federal Ricardo Costa Nascimento, um dos seis redatores da carta.

“O diretor da USP [Celso Campilongo] encampou a ideia. E a gente imaginava que a coisa iria bombar, mas jamais imaginamos que seria tanto assim”, afirmou o magistrado ao UOL.

O que motivou a carta? Embora não citem nominalmente nenhum político, os documentos foram uma reação a ataques do presidente Jair Bolsonaro (PL) às instituições e ao sistema eleitoral, que têm ocorrido ao longo do mandato. A carta da USP foi publicada dias depois da reunião em que o chefe do Executivo voltou a levantar suspeitas já desmentidas de fraude nas eleições.

O presidente tem minimizado a importância do movimento, mas fez várias citações a eles nas últimas semanas. Entre outras declarações, ele chamou o documento de “cartinha”, disse que os signatários são “sem caráter” e afirmou que banqueiros teriam apoiado o movimento em resposta a perdas de receita com o Pix, apesar de seu governo não ter sido o criador da ferramenta.

Do UOL