O cerco se fecha na classe artística para Sérgio Reis, artista investigado em inquérito por incitações de atos violentos contra a democracia.
As decisões de Guarabyra, Guilherme Arantes, Maria Rita e Zé Ramalho de se retirarem do (até então quase finalizado) próximo álbum do cantor – tomadas de posições anunciadas ao longo dos últimos dias – sinalizam o isolamento progressivo de Reis no meio musical.
Tal repúdio por questões de ordem política fazem até lembrar o caso do cantor Wilson Simonal (1938 – 2000), tratado como pária no meio musical, a partir do início da década de 1970, por suposta delação de artistas ao governo ditatorial que presidia o Brasil na época.
O caso de Sérgio Reis ganha intensidade crescente e similar. Guarabyra foi o primeiro ao se retirar do disco de Sérgio Reis, anunciando a desistência de gravar Sobradinho (Luiz Carlos Sá e Guttemberg Guarabyra, 1977) com o cantor.
De inicio, Guilherme Arantes até afirmou que dissociaria a questão artística do “terreno extramusical”, mas voltou atrás – ao tomar ciência de declarações recentes de Sérgio Reis que minimizavam a força da mulher – e desautorizou o cantor a incluir no disco o dueto que fizera com Reis na canção Planeta água (Guilherme Arantes, 1981).
Sem se pronunciar, Maria Rita reforçou o coro dos descontentes e informou à mídia, através de assessoria, que se retirou do álbum, do qual participaria em regravação de Romaria (1977), música do compositor Renato Teixeira, com quem Sérgio Reis já fez discos e shows.
No fim da tarde de sábado, 21 de agosto, foi a vez de Zé Ramalho anunciar em comunicado que proíbe o cantor Sérgio Reis de usar no álbum a gravação de Admirável gado novo (Zé Ramalho, 1979) feita por Reis em dueto com Ramalho em maio de 2019. “Agora em 2021, a gravação perdeu o sentido e tanto o compositor quanto sua editora não autorizarão a utilização da obra”, informou o artista paraibano em sucinta nota oficial.
Contudo, a tendência é que, disco à parte, Sérgio Reis fique cada vez mais isolado no meio musical brasileiro.
Do G1