Cantor e compositor Sérgio Ricardo morre aos 88 anos no Rio de Janeiro

Ele estava internado no Hospital Samaritano, na Zona Sul do Rio, desde abril, quando contraiu Covid-19

Morreu na manhã desta quinta-feira (23), aos 88 anos, o cantor e compositor Sérgio Ricardo, que atuou em movimentos que redefiniram a cultura brasileira, como a bossa nova e o cinema novo.

Ele estava internado no Hospital Samaritano, na Zona Sul do Rio, desde abril, quando contraiu Covid-19, e teve uma insuficiência cardíaca nesta quinta. A filha do músico, Adriana Lutfi, contou ao G1 que ele tinha se curado do novo coronavírus, mas precisou permanecer no hospital.

O enterro está previsto para a tarde de sexta-feira (24), no Cemitério da Cacuia, na Ilha do Governador. A cerimônia será restrita à família devido à pandemia do novo coronavírus.

A família do músico postou uma foto com uma mensagem na conta dele no Instagram.

“Hoje pela manhã partiu nosso mestre Sérgio Ricardo, nosso amado João Lutfi, aos 88 anos de muita arte, resistência e, acima de tudo, muito amor. Suas expressões nos deram e darão ainda muita alegria, mas até os mais inspiradores guerreiros precisam descansar.”

Perfil

Sérgio Ricardo fez carreira ao lado de grandes nomes da música brasileira, tendo ficado conhecido pela participação em festivais de música. Ele também dirigiu e atuou no cinema e na TV, além de ter feito trilhas sonoras.

Nascido em 18 de junho de 1932 em em Marília, interior de São Paulo, e batizado como João Lufti, Sérgio Ricardo começou a estudar música aos 8 anos no conservatório de música da cidade.

Mudou-se em 1950 para o Rio de Janeiro, onde iniciou a carreira profissional como pianista em casas noturnas. Foi nessa época que conheceu Tom Jobim e, pouco depois, começou a compor e cantar.

Em 1960, gravou o LP “A bossa romântica de Sérgio Ricardo”, lançado, com destaque para a canção “Pernas”. Fez sucesso também com músicas como “Zelão”, “Beto bom de bola” e “Ponto de partida”.

Festival de Bossa Nova em Nova York

Sérgio Ricardo quebra o violão, e depois o arremessa no público, após ser vaiado ao cantar a música 'Beto Bom de Bola', no Terceiro Festival de Música Popular Brasileira, da TV Record de São Paulo, em 1967 — Foto: Estadão Conteúdo/Arquivo

Sérgio Ricardo quebra o violão, e depois o arremessa no público, após ser vaiado ao cantar a música ‘Beto Bom de Bola’, no Terceiro Festival de Música Popular Brasileira, da TV Record de São Paulo, em 1967 — Foto: Estadão Conteúdo/Arquivo

Em 1962, participou do histórico Festival de Bossa Nova, no Carnegie Hall de Nova York (EUA), ao lado de Carlos Lyra, Tom Jobim, Roberto Menescal, João Gilberto e Sergio Mendes, entre outros.

No Terceiro Festival de Música Popular Brasileira, da TV Record de São Paulo, em 1967, quebrou seu violão e jogou na plateia após ser vaiado pelo público, em uma cena que entrou pra história da década e é mostrada no documentário “Uma noite em 67” (2010).

Trabalhos na TV e no cinema

Na década de 50, havia feito testes para trabalhos de atuação e foi contratado pela TV Tupi, onde participou de novelas e programas musicais.

Anos mais tarde, dirigiu e atuou em filmes como “Êsse mundo é meu” (1964), “Juliana do amor perdido” (1970) e “A noite do espantalho” (1974).

Também compôs músicas para as trilhas sonoras de “Deus e o diabo na terra do Sol” e “Terra em transe”, grandes símbolos do cinema novo, dirigidos por Glauber Rocha.

Em 1968, escreveu o roteiro musical para a peça de Ariano Suassuna “O auto da compadecida”, levada ao cinema pelo diretor George Jonas.

Em 1991, publicou o livro “Quem quebrou meu violão” (ed. Record), um ensaio sobre a cultura brasileira desde os anos 1940. Também se dedicou a obras de poesia, entre elas o livro “Canção Calada”, lançado em 2019.

Trabalhos na TV e no cinema

Na década de 50, havia feito testes para trabalhos de atuação e foi contratado pela TV Tupi, onde participou de novelas e programas musicais.

Anos mais tarde, dirigiu e atuou em filmes como “Êsse mundo é meu” (1964), “Juliana do amor perdido” (1970) e “A noite do espantalho” (1974).

Também compôs músicas para as trilhas sonoras de “Deus e o diabo na terra do Sol” e “Terra em transe”, grandes símbolos do cinema novo, dirigidos por Glauber Rocha.

Em 1968, escreveu o roteiro musical para a peça de Ariano Suassuna “O auto da compadecida”, levada ao cinema pelo diretor George Jonas.

Em 1991, publicou o livro “Quem quebrou meu violão” (ed. Record), um ensaio sobre a cultura brasileira desde os anos 1940. Também se dedicou a obras de poesia, entre elas o livro “Canção Calada”, lançado em 2019.

Do G1.