Campinense vai ser presidido por uma mulher pela 1ª vez em mais de 100 anos

Presidente interina do Campinense, Graça Tavares de Melo vai ser a primeira mulher a dirigir o clube centenário. E já chega com uma missão daquelas num momento tão complicado vivido pelo Rubro-Negro. A mandatária do Conselho Deliberativo vai comandar a Raposa num curto período até a eleição da nova Diretoria Executiva. Isso acontece após a renúncia de Paulo Gervany e seu vice, Kleber Cabral. Em sua primeira entrevista no novo cargo, a dirigente contou um pouco sobre a sua trajetória e reforçou a ideia de que pretende entregar o clube para a próxima gestão até o dia 10 de janeiro.

Graça Tavares contou que a sua família é formada por torcedores do Campinense. E tudo foi herdado pela paixão que o seu pai tinha pelo clube. Desde então, ela deu prosseguimento a essa trajetória e hoje entra para a história ao se tornar a primeira mulher a comandar o clube da Bela Vista.

– A minha história no Campinense vem do meu pai. O meu pai era torcedor apaixonado, doente pelo Campinense. E eu herdei isso mais forte, apesar de toda a família ser Campinense. A paixão do meu pai era tão forte pelo clube, que eu tenho sobrinhos que não conheceram ele, mas, como os pais deles falavam tanto do Campinense, eles seguiram torcendo pelo clube. Isso mesmo eles morando fora de Campina Grande. Por aí vocês tiram essa paixão – contou Graça.

Graça Tavares de Melo, presidenta interina do Campinense — Foto: Samy Oliveira / Campinense

Graça Tavares de Melo, presidenta interina do Campinense — Foto: Samy Oliveira / Campinense

A presidenta interina do Campinense é torcedora de arquibancada. E foi através dela que foi se aproximando dos cargos na diretoria. Na Raposa, ela ingressou, de fato, no início da gestão do ex-presidente William Simões, que foi banido do futebol após envolvimento na Operação Cartola, que investigou esquemas de corrupção no futebol paraibano. Apesar disso, na Justiça Comum, o dirigente acabou absolvido.

Com mais de cinco mandatos no Conselho Deliberativo, Graça ressaltou que o ano atípico a levou para o cargo na Diretoria Executiva e assume essa missão com responsabilidade.

– Eu comecei a frequentar o campo porque meu pai frequentava o Municipal, e eu ia com ele. Depois de ficarmos adultos, o meu pai comprou títulos para mim e para os meus irmãos. Todos somos sócios-patrimoniais. Por participar dos jogos do Campinense, as pessoas que faziam parte da diretoria se tornaram amigos meus. Dessas amizades, eu fui convidada para participar de qualquer conselho do clube. Eu me inscrevi e fui eleita. Então estou no Campinense desde o início da gestão de William Simões. Foi a época em que eu entrei. Tenho mais de cinco mandatos de conselho. Este ano foi um caso atípico, estando como presidente do Conselho e agora assumindo a Diretoria Executiva. Eu sei que vai ser pouco tempo, mas o que eu puder fazer pelo clube, eu vou fazer – disse Graça Tavares.

Com Michelle Ramalho, a Paraíba é o único estado do Brasil a ter uma mulher à frente da federação de futebol — Foto: Divulgação / FPF-PB

Com Michelle Ramalho, a Paraíba é o único estado do Brasil a ter uma mulher à frente da federação de futebol — Foto: Divulgação / FPF-PB

Graça Tavares é a primeira mulher a comandar o Campinense Clube na história. Na Paraíba, ela se junta a nomes como Rosilene Gomes e Michelle Ramalho – a primeira presidiu a Federação Paraibana de Futebol (FPF) por 25 anos, enquanto a segunda é a atual mandatária da casa – além de Khésia Suille, presidenta do Sport Lagoa Seca.

Com a homologação das renúncias de Paulo Gervany e Kleber Cabral, Graça Tavares vai ter a missão de comandar o Campinense até a eleição, que precisa acontecer em até 60 dias, a contar da última sexta-feira, quando foram oficializadas as saídas dos dirigentes. A mandatária, que já havia revelado a intenção de realizar o pleito o quanto antes, reforçou essa ideia, afirmando que pretende entregar o clube até dia 10 de janeiro, isso porque o Campeonato Paraibano de 2021 tem início previsto para o mês de fevereiro.

– Houve a reunião do Conselho Deliberativo. As chapas acataram a renúncia de ambos. O nosso caminho agora é fazer o calendário para as novas eleições. O primeiro passo era montar a Comissão Eleitoral, que foi feita. Eu tenho agora 60 dias para a realização do pleito. Só que, diante da necessidade do clube, que tem que ter um time pronto em janeiro para disputar o Paraibano em fevereiro, eu quero dar posse ao novo presidente até 10 de janeiro. Lembrando que vai ser um mandato de um ano, que chamamos de mandato tampão, por ser algo especial – afirmou.

Graça Tavares adiantou que o engenheiro William de Paiva vai presidir a Comissão Eleitoral do Campinense — Foto: Samy Oliveira / Campinense

Graça Tavares adiantou que o engenheiro William de Paiva vai presidir a Comissão Eleitoral do Campinense — Foto: Samy Oliveira / Campinense

Graça ainda aproveitou para revelar os nomes que vão compor a Comissão Eleitoral do Campinense nesse processo que promete ser curto. São eles: William de Paiva, que vai ser o presidente da comissão, além de Jair Carlos, Maria Edna Tavares, Elizanira Souza e Steferson Mariz.

Antes de entrar nesse processo eleitoral, Graça Tavares pediu união aos membros que fazem parte do Campinense Clube, isso também incluindo os torcedores, é claro. Por sinal, a dirigente aproveitou o momento para agradecer o apoio da torcida em meio a um ano para lá de conturbado no Estádio Renatão.

– É um momento ímpar na minha vida. Eu sou instituição. Falar no Campinense para mim é emoção. E nesse momento eu peço para as pessoas esquecerem lado a e lado b. Eu jamais fui pessoas, sempre fui instituição. E, se pensarmos dessa maneira, vamos crescer. Tenho para mim que este ano foi de um aprendizado fortíssimo, porque a gente aprende muito com as dificuldades. Então vamos deixar de olhar o retrovisor e se unir. Uma coisa muito importante que venho observando é o retorno da torcida. Estamos tendo a torcida de volta, isso mesmo com toda a calamidade que foi o ano de 2020. Vamos ver a instituição, porque o Campinense precisa de todos – decretou.

Campinense teve um ano bem conturbado dentro e fora de campo — Foto: Daniel Lins / Campinense

Campinense teve um ano bem conturbado dentro e fora de campo — Foto: Daniel Lins / Campinense

Nesta temporada, o Campinense não obteve êxitos em seus objetivos. O time foi vice-campeão paraibano pelo terceiro ano seguido, além de ter sido eliminado da Série D do Campeonato Brasileiro ainda na primeira fase, com uma rodada de antecedência. Na Copa do Brasil, a Raposa caiu também na primeira fase, para o Atlético-MG. Mas o que chamou mesmo atenção foram as mudanças no departamento de futebol, que passou a ser gerido por uma empresa terceirizada.

Em 2020, ao todo, sete treinadores chegaram a ser confirmados pelo clube, além das mais variadas contratações de jogadores possíveis.

Do Globo Esporte/PB.