Campanha da Fraternidade debate ampliação de saneamento básico no país

Anualmente cerca de 400 mil pessoas são internadas nos hospitais por problemas de saúde relacionados à falta de saneamento básico. A cada dois minutos e meio morre, no mundo, uma criança por falta de saneamento básico. Para o cônego Egídio de Carvalho Neto isso é inaceitável e a Campanha da Fraternidade Ecumênica 2016 pretende debater com a sociedade questões do saneamento básico, a fim de garantir desenvolvimento, saúde integral e qualidade de vida aos cidadãos.

A reflexão central da Campanha da Fraternidade traz como tema “Casa comum, nossa responsabilidade” e o lema “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca” (Am 5.24). “A campanha aponta para a situação em que se encontra o planeta Terra. No nosso caso, aqui no Brasil, queremos olhar para o planeta que é a casa de todos e olhando para a casa, a gente detecta uma situação de morte que é a falta de saneamento básico”, explica o cônego, que é responsável pela Campanha, na Arquidiocese da Paraíba.

A Campanha da Fraternidade Ecumênica 2016 terá início hoje, Quarta-Feira de Cinzas, e prosseguirá até o Domingo de Ramos, 20 de março. O lançamento oficial acontecerá na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Brasí- lia. Haverá transmissão, ao vivo, pelas emissoras de inspiração católica e pela Rede Católica de Rádio (RCR). A Campanha da Fraternidade é realizada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e este ano acontece em parceria com o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic).

Este ano, o Regional Nordeste 2 da CNBB, formado pelos estados da Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Rio Grande do Norte, escolheu a diocese de Patos, no Sertão paraibano, para a abertura da Campanha da Fraternidade. O evento acontecerá no sábado, dia 13 de fevereiro, às 7h30, no Lixão de Patos, com a missa de abertura da Campanha da Fraternidade. Antes, no dia 12, às 19h, acontece uma mesa-redonda sobre o tema da Campanha da Fraternidade 2016, no auditório do Colégio Cristo Rei, também em Patos, tendo como debatedores, o Dr. Jacob, da UFCG, e cônego Egídio de Carvalho, da Arquidiocese da Paraíba. A Campanha da Fraternidade 2016 também vai ser objeto de debate em João Pessoa, no próximo dia 19, a partir das 19h30, no Seminário Arquidiocesano da Paraíba Imaculada Conceição, no bairro do Castelo Branco. “A gente vai se reunir com todos os padres, lideranças de todas as comunidades católicas, dos diversos movimentos, serviços, associações e pastorais da Arquidiocese, e colocar para todas essas pessoas a real situação em que se encontra a questão do esgotamento sanitário no Brasil.

É a partir daí que a gente lança a campanha, porque essas lideranças vão trabalhar o tema durante todo o ano de 2016 com a população, nas comunidades e em toda a Arquidiocese da Paraíba”, explica o coordenador da campanha.

Na apresentação da cartilha sobre a Campanha da Fraternidade 2016, publicada pela Arquidiocese da Paraíba, o arcebispo metropolitano da Paraíba, Dom Aldo di Cillo Pagotto, afirmou que cada Campanha da Fraternidade visa não apenas 40 dias da Quaresma, quando, segundo ele, não dá para fazer grande coisa. A campanha de conscientização, educação, práticas exitosas, etc., deve ser constante.

O cônego Egídio de Carvalho esclarece que a Campanha da Fraternidade 2016 tenta integrar a temática da água e do saneamento básico, alertando para o grave problema da segurança hídrica, da justa e equânime distribuição da água e do bom uso da água. Ele afirma que, além da necessidade de economizar água tratada para uso humano, é importante o redesenho do saneamento básico.

Egídio ressalta que é importante discutir sobre saneamento básico no Brasil, porque o abastecimento de água potável, o esgotamento sanitário, a limpeza urbana, o manejo de resíduos sólidos, o controle de meios transmissores de doenças e a drenagem de águas pluviais são medidas necessárias para que todas as pessoas possam ter saúde e vida dignas.

O sacerdote entende que a combinação do acesso a água potável e ao esgoto sanitário é condição para se obter resultados satisfatórios também na luta para a erradicação da pobreza e da fome, para a redução da mortalidade infantil e pela sustentabilidade ambiental. Há que se ter em mente que “Justiça Ambiental” é parte integrante da “Justiça Social”.

Os últimos dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento Básico – 2013 (SNIS) mostram que milhares de pessoas vivem em favelas e cortiços com instalações sanitárias improvisadas, sem coleta de lixo e sem água potável; apenas 82% da população brasileira tem acesso a água tratada; mais de 100 milhões no País não possuem coleta de esgoto; 10,6% dos domicílios do País não têm os seus resíduos sólidos coletados.

Hoje, no Brasil, 51% da população brasileira não tem acesso ao saneamento bá- sico e, segundo o religioso, não se justifica isso ocorrer num país que é considerado a sétima maior economia do mundo. “É muito grave o fato de mais da metade da população não tem acesso a esse serviço que é essencial, tanto para a saúde, quanto para a dignidade da vida das pessoas”, lamenta. As informações são do jornal A União.