Câmara aprova impeachment de Trump pela 2ª vez com apoio de 10 republicanos

A uma semana do fim do mandato do presidente Donald Trump, a Câmara dos Deputados dos EUA aprovou o segundo processo de impeachment do líder republicano, pela acusação de insuflar uma insurreição contra o governo do país

O impeachment foi aprovado por 232 votos, sendo 222 de democratas e 10 de republicanos. Já 197 republicanos votaram contra o pedido. Ao todo, há 435 assentos na Câmara.

Esta é a primeira vez na história em que um presidente dos EUA sofre dois processos de impeachment. A Câmara aprovou outro processo de impedimento de Trump em 2019, mas depois ele foi inocentado pelo Senado.

O processo agora segue para o Senado, onde precisará ser aprovado por maioria de dois terços (67 de 100 senadores). Trump só é obrigado a deixar o cargo depois dessa outra votação. Ainda não há uma data para que ela seja feita.

O mandato do republicano termina no dia 20 de janeiro, e é pouco provável que o impeachment seja aprovado até lá. No entanto, o processo deve continuar, com o objetivo de retirar direitos políticos e impedir que ele volte a disputar a Presidência no futuro.

Nos EUA, o impeachment prevê duas penas: a perda de mandato e a proibição de que o réu volte a ocupar cargos federais, este último a depender de uma votação por maioria simples, no Senado, após a condenação.

Iniciado pela bancada democrata, o pedido de afastamento do presidente tem como base o discurso de incitação à insurreição e à violência que motivou a invasão do Congresso americano na semana passada por uma multidão de apoiadores de Trump.

Cinco pessoas morreram durante o episódio, mas o presidente não demonstrou qualquer arrependimento por ter insuflado seus seguidores a “lutarem para valer” horas antes da cerimônia de certificação da vitória do democrata Joe Biden. Pelo contrário, Trump afirma que seu discurso foi “totalmente apropriado”.

Segundo o pedido de impeachment, o presidente “fez, deliberadamente, declarações que encorajaram ações ilegais” e “continuará sendo uma ameaça à segurança nacional, à democracia e à Constituição se for autorizado a permanecer no cargo”.

“Incitados pelo presidente, membros da multidão à qual ele se dirigiu (…) violaram e vandalizaram o Capitólio, feriram e mataram equipes de segurança, ameaçaram membros do Congresso e o vice-presidente e se engajaram em atos violentos, mortais, destrutivos e sediciosos”, diz o documento.

​A carta cita ainda falas de Trump, como “se vocês não lutarem para valer, vocês não terão mais um país”, e menciona os esforços dele para subverter a eleição que perdeu, como o telefonema ao secretário de Estado da Geórgia, a quem pediu que “encontrasse votos” para mudar o resultado, além das reiteradas e infundadas declarações de que a vitória de Biden era resultado de uma fraude generalizada no pleito.

“Em tudo isso, o presidente Trump colocou gravemente em perigo a segurança dos EUA e de suas instituições governamentais. Ele ameaçava a integridade do sistema democrático, interferia na transição pacífica de poder e colocava em perigo um braço do governo. Assim, ele traiu sua confiabilidade como presidente, para prejuízo manifesto do povo dos EUA”, diz o texto.