Cálculo da gestão de Cartaxo para justificar à PF assoreamento prevê ‘fim’ da Lagoa em 13 anos

O cálculo que a gestão do prefeito Luciano Cartaxo usa como justificativa para a diferença entre o valor medido da retirada de material da Lagoa pelo inquérito da Polícia
Federal e declarado pela Prefeitura de João Pessoa prevê o “fim” da Lagoa nos próximos 13 anos.

Isto porque 8.899,25 metros cúbicos de diferença encontrado da retirada de material do local é justificado pela gestão municipal como fruto do assoreamento, já que se passaram mais de dois anos entre a medição da PF e o fim do trabalho de desassoreamento.

“Para que esta diferença de volume encontrado nas escavações da lagoa fosse decorrente de assoreamento em função de decomposição de sedimentos e resíduos sólifos, no lapso temporal decorrido entre o fim da escavação e a realização da batimetria, ou seja, um pouco menos de dois anos, seria necessário, que, em média, houvesse um despejo diário de material sólido no leito da lagoa, equivalente a todo o conteúdo de um caminhão de 12 metros cúbicos de capacidade”, diz o inquérito.

E continua: “…o que seria impossível nas condições atuais da bacia hidraúlica da lago. Se assim o fosse, em cerca de 15 anos, a partir do término dos serviços, a lagoa estaria completamente assoreada, ou seja, um assoreamento equivalente a todo o volume de água atualmente existente”.

Investigação

A Polícia Federal tem três inquéritos abertos para investigar possíveis irregularidades na obra. De acordo com documento protocolado no Ministério Público Federal (MPF), as investigações são por conta da construção do Túnel, desassoreamento do local e construção do muro de contenção do local.

Irerê

A Operação Irerês tem o objetivo de investigar irregularidades na licitação da obra da Lagoa, no que diz respeito ao repasse do Ministério das Cidades para a gestão do prefeito Luciano Cartaxo (PSD).

Ao todo, foram cumpridos dois mandados judiciais de busca e apreensão na Capital, sendo um na sede da empresa que fez a obra da Lagoa e outro na residência do diretor da empresa, localizada no bairro de Manaíra.

A Justiça Federal tornou os bens da empresa indisponíveis e proibiu novos pagamentos da Prefeitura de João Pessoa para o contrato de repasse da obra da Lagoa.

O nome da operação é uma alusão ao Irerê, espécie de marreco que era abundante nas águas da lagoa. Tanto que, até o início do século XX, antes da urbanização do parque, o local era conhecido como “Lagoa dos Irerês”. Ainda de acordo com nota enviada pela PF, o processo corre em segredo de justiça.