Brasileiros empregam tecnologia em estufa para incentivar hortas urbanas

À medida que as pessoas se conscientizam para uma alimentação orgânica e livre de agrotóxicos, soluções para cultivar os próprios alimentos dentro de casa parecem também cativar a atenção dos empreendedores.

Os engenheiros mecatrônicos Bernardo Mattioda, George Haeffner e Thomas Kollmann viram na ascensão da agricultura urbana uma oportunidade para entregar hortas sob medida para moradores de grandes centros e adequá-las até mesmo aos menores dos apartamentos. Em 2014 lançaram a Plantario, com sede em Porto Alegre (RS).

A startup desenvolveu estufas compactas que, se não fosse pelo verde que nelas habitam, poderia passar facilmente por um frigobar. Mas há nelas toda uma infraestrutura que reproduz, de acordo com os criadores, o ambiente ideal para pessoas cultivarem temperos, verduras e outros legumes em casa e sem exigir muito da sua atenção para isso.

A ideia é que as mudas possam vingar em qualquer lugar, uma vez que as estufas recorrem à iluminação LED para reproduzir a luz solar, além de contar com ventilação e sub-irrigação e irrigação por capilaridade com autonomia para até 10 dias, sem precisar reabastecer a água. Há ainda a opção de conectar alguns dos modelos ao sistema hidráulico da casa. Toda a tecnologia implantada nas estufas foi patenteada.

Atualmente, a Plantario conta com cinco modelos de estufa, com preços que variam de R$ 459 (uma versão com três vasinhos) a R$ 9390 (uma versão profissional, com 18 vasinhos, que visa atender restaurantes). O modelo intermediário, o Plantário One, com espaço para nove vasinhos, sai por R$ 2.490. As estufas são vendidas pela internet no site da própria startup e por revendedores no varejo.

Apesar do preço relativamente alto, os sócios da Plantario veem nas estufas um investimento para aqueles que querem levar mais qualidade às refeições e, ao mesmo tempo, não despendem de tanto tempo para cultivar uma horta ao ar livre.

“A gente vê que os apartamentos estão cada vez menores, as cidades cada mais povoadas e as pessoas estão buscando esse contato que antigamente era mais fácil de conseguir e que hoje em dia está cada vez mais limitado”, defende Bernardo Mattioda em conversa com o IDG Now!

Conscientização

A Plantario era um dos nomes que participaram do espaço dedicado às startups na CES 2018, feira de tecnologia que aconteceu no início de janeiro, em Las Vegas. Da organização do evento, recebeu o prêmio Innovation Awards na categoria Eco Design e Tecnologias Sustentáveis.

Além da base em Porto Alegre, a empresa que começou com um investimento proprietário dos sócio-fundadores de R$ 500 mil, agora também mira no mercado norte-americano para, eventualmente, escalar a produção das estufas. Uma operação nos Estados Unidos já foi montada.

Segundo um dos fundadores, George Haeffner, alocar um escritório da Plantario nos EUA também visa pluralizar o valor da startup, com foco no desenvolvimento de um aplicativo para gerenciar o cultivo, compra de produtos e na criação de soluções em IoT (Internet das Coisas). Já um clube de assinatura dá conta de entregar na casa de clientes novas sementes para plantio, além de insumos necessários e receitas selecionadas por chefs de cozinha. Para Haeffner, a Plantario também atua com um trabalho de conscientização.

“Estamos fazendo um esforço muito grande para ensinar as pessoas que é melhor quando você pode consumir o seu próprio vegetal, cultivado em casa. Vemos aqui (EUA) várias iniciativas de agricultura urbana acontecendo. É uma tendência, as pessoas estão investindo dinheiro e conhecimento nesse campo”, avalia. Fonte: Terra.