Brasil reforça posição contra a guerra na Ucrânia em sessão extraordinária na ONU

O Brasil reforçou a posição do país contra a Guerra na Ucrânia durante a sessão extraordinária da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) nesta segunda-feira (28), em Nova York.

Durante discurso, o embaixador brasileiro Ronaldo Costa Filho pediu uma negociação diplomática “a favor da paz” no país invadido por tropas da Rússia.

“Reiteramos nosso pedido para um cessar-fogo imediato”, disse Costa Filho durante a sessão que discute a crise no leste da Europa (veja vídeo acima).

No encontro desta segunda (28), o embaixador brasileiro reiterou o voto brasileiro dado na reunião do Conselho de Segurança na sexta-feira (25), condenando a invasão da Rússia.

Ele afirmou que a comunidade internacional precisa “fazer o que for preciso antes que seja tarde demais”. Costa Filho disse ainda que não há motivos de segurança que justifiquem o uso da força pela Rússia.

Conselho de Segurança da ONU

Na reunião sexta-feira (25) do Conselho de Segurança das Nações Unidas, a Rússia vetou uma resolução do Conselho que serviria para condenar a invasão da Ucrânia – e foi o único país (dos 15 membros) a votar contra, mas seu voto tem poder de veto.

Representante do Brasil na ONU, o embaixador Ronaldo Costa Filho disse que o Conselho de Segurança deveria agir urgentemente diante da agressão da Rússia.

Durante seu voto, Costa Filho afirmou que não havia outra alternativa, além da diplomacia, para resolver a atual crise no leste europeu: “Renovamos nosso apelo pela cessação total das hostilidades, pela retirada das tropas e pela retomada imediata do diálogo diplomático”.

Na quinta-feira (24), o vice-presidente Hamilton Mourão disse que não concordava com a invasão, mas foi desautorizado pelo presidente Jair Bolsonaro durante uma transmissão pela internet. E, até a última atualização desta reportagem, Bolsonaro não havia feito um pronunciamento oficial condenando a ação da Rússia.

Brasil pede a retirada das tropas russas

Durante a explicação de seu voto na sexta (25), Costa Filho disse que “o enquadramento do uso da força contra a Ucrânia como um ato de agressão, precedente pouco utilizado neste Conselho, sinaliza ao mundo a gravidade da situação”.

E reafirmou que o Brasil tentou manter uma posição de equilíbrio: “Procuramos manter o espaço de diálogo, mas ainda sinalizando que o uso da força contra a integridade territorial de um Estado-membro não é aceitável no mundo atual”.

Ele disse que as preocupações de segurança da Rússia, com o avanço para o leste da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), “não dão o direito de ameaçar a integridade territorial e a soberania de outro Estado”.

Pressão internacional

A comentarista da GloboNews Eliane Cantanhêde avaliou que o voto brasileiro foi consequência de uma forte pressão internacional para que o país se posicionasse mais firmemente contra a invasão russa.

“Havia uma expectativa, eu diria um temor, de que o governo Bolsonaro se abstivesse nessa votação de hoje, e não foi assim”, disse Cantanhêde. “Isso foi resultado de um longo processo de discussão e de pressão internacional.”

Nesta sexta, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, telefonou para o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Carlos França, para tratar da crise gerada pela invasão da Ucrânia pela Rússia.

Além dele, Anatoliy Tkach, o chefe da missão da embaixada ucraniana em Brasília já vinha pedindo ao governo brasileiro que se condenasse mais firmemente as ações do presidente Vladimir Putin.

Ainda nesta sexta, representantes da União Europeia, Alemanha, Reino Unido e França se reuniram em Brasília tentar pressionar um posicionamento incisivo do Brasil frente a este cenário.

Pressão interna

Além de pressões de agentes diplomáticos, o Congresso Nacional também vinha tentando uma posição mais dura do governo sobre a crise na Ucrânia.

O blog do Camarotti no g1 informou que o presidente da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG), pressionou o o governo a tomar posição.

Segundo Camarotti, o deputado telefonou para o chanceler Carlos França e para o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, alertando de que o Brasil precisaria se posicionar de maneira mais firme.

Do g1.