Bolsonaro faz motociata no DF; apoiadores defendem voto impresso

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) participou de mais uma motociata na manhã deste domingo (8) em Brasília. Em frente ao Planalto, ele voltou a se aglomerar sem máscara para receber apoiadores.

Com público aparentemente menor do que na motociata realizada ontem em Florianópolis, os presentes defendiam as pautas abordadas pelo presidente nas últimas semanas, como adoção do voto impresso, e faziam críticas ao Judiciário. Alguns deles se autodenominavam “a tropa de Bolsonaro”.

O presidente foi ao encontro dos presentes por volta das 8h30. Sem máscara, ele passou quase uma hora tirando fotos, cumprimentando o público e recebendo mensagens de incentivo.

Depois do ato, que durou pouco mais de uma hora, Bolsonaro cumprimentou mais apoiadores e passou uma mensagem de Dia dos Pais na rampa do Planalto. “Estarei pronto para fazer com que a vontade de vocês, a da maioria do povo brasileiro, seja cumprida”, disse.

A maioria dos motoqueiros estava sem máscara. O UOL presenciou poucos utilizando o equipamento de proteção contra o coronavírus, conforme determina uma lei federal.

Campanha pelo voto impresso

A microempresária Waléria Lyra, 58, disse ter ido à motociata, pilotando um triciclo cor-de-rosa, para comemorar o Dia dos Pais e apoiar Bolsonaro e o voto impresso nas eleições. Chamado de “auditável” pelos aliados do governo, a PEC do voto impresso deverá ser votada em plenário na Câmara dos Deputados nesta semana, por decisão do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL).

“É a briga que a gente está tendo aí. Quanto mais transparência se pede, mais se nega”, disse Waléria.

O voto hoje já é auditável e nunca houve fraude comprovada nas eleições.

Waléria diz ser a segunda mulher de Brasília a dirigir um triciclo. Ela conta que mudou a cor da motocicleta de preta para rosa para acabar com o estigma do machismo. “Resolvi pintar porque toda vez que eu descia [do veículo] e tirava o capacete, os rapazes [falavam]: ‘Nossa, é uma mulher pilotando’. Aí, para acabar com esse estigma, botei dessa cor. É o machismo, né?”, disse.

Com uma bandeira do Brasil nas costas, o motoboy Mairon Otávio Oliveira, 32, chegou cedo à Praça dos Três Poderes. Afirmou ter acordado às 5h da manhã para sair de Guará, onde mora, e ir ao Plano Piloto. Disse que o objetivo é, primeiro, apoiar o presidente e, depois, comemorar o Dia dos Pais.

“Apoio as pautas dele, a forma como ele tem conduzido o país. Acompanho o presidente, os filhos, os deputados da base dele”, declarou.

A técnica de segurança eletrônica Rosângela Ferreira, 55, e a aposentada Vera Castro, 59, são presidente e vice-presidente do motoclube Ciganas Estradeiras, formado apenas por mulhere. Elas disseram que estavam ali para saudar o presidente.

“Nossa expectativa é dar esse rolê com ele, mostrar que a gente está com ele, dar um passeio bacana”, disse Rosângela.

O presidente da ONG Sociedade Brasileira de Polícia, João Salas, 25, e sua esposa, a servidora pública Glauce Franco, 46, afirmaram ser os organizadores da motociata. Também defendiam o voto impresso.

“Sabemos que é algo legítimo e honesto e que o presidente, que foi eleito por voto popular, não vai pedir algo que pode prejudicá-lo, né? O voto é secreto, porém a contagem tem que ser pública”, disse Salas.

A contagem de votos com a urna eletrônica já é pública, e a apuração pode ser acompanhada em tempo real no site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e presencialmente, nos TREs (Tribunais Regionais Eleitorais).

Críticas ao Judiciário

Em um canto da motociata, uma mulher criticava os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal). Segundo ela, existe uma espécie de “ditadura” patrocinada pelo Judiciário brasileiro.

Nas últimas semanas, Bolsonaro tem travado uma guerra pública contra o TSE e ministros do STF, com xingamentos, ataques e ameaças golpistas, de não respeitar o resultados das eleições do ano que vem.

O tom subiu, em especial, depois que o TSE aprovou a abertura de inquérito para investigar Bolsonaro por divulgar notícias falsas sobre as urnas eletrônicas, na última segunda (2). O tribunal também enviou notícia-crime ao STF para incluir o presidente no inquérito das fake news.

As denúncias se baseiam em uma “live” realizada no final de julho, na qual o presidente prometeu apresentar provas de fraudes nas eleições. Mas, em vez disso, reciclou teorias e supostos casos já desmentidos por órgãos oficiais e serviços de checagem na imprensa.

No dia seguinte, Bolsonaro disse a apoiadores que cogitava participar de uma manifestação na avenida Paulista, em São Paulo, para dar o que chamou de “último recado” sobre o voto impresso. Na ocasião, também afirmou que não haverá “eleições duvidosas” em 2022.

Do Uol.