Bolsonaro diz que “vai acabar chegando” momento da ditadura no Brasil

Presidente criticou governadores e prefeitos por medidas como o toque de recolher e afirmou que autoridades estão “matando pessoas"

Ao criticar governadores e prefeitos por medidas restritivas adotadas para conter o avanço da Covid-19, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse que o Brasil está em um caminho fértil para uma ditadura.

“Onde é que nós vamos parar? Será que o governo federal vai ter que tomar uma decisão antes que isso aconteça? Será que a população está preparada para uma ação do governo federal dura no tocante a isso?”, perguntou o chefe do Executivo nacional.

“É para dar liberdade para o povo, é para direito do povo trabalhar. Não é ditadura não. Uns hipócritas ficam falando de ditadura o tempo todo, uns imbecis”, afirmou ele a apoiadores reunidos nesta sexta-feira (19) no Palácio da Alvorada.

“Agora, o terreno fértil para ditadura é exatamente a miséria, a fome, a pobreza, onde (sic) um homem com necessidade perde a razão. Estão esperando o quê? Vai chegar o momento? Eu gostaria que não chegasse esse momento, mas vai acabar chegando”, prosseguiu.

Ação no STF

Em ação apresentada ao Supremo Tribunal Federal (STF) na quinta-feira (18/3), o presidente da República pede que a Corte suspenda decretos editados pelos governadores do Distrito Federal, Rio Grande do Sul e da Bahia. Segundo o mandatário, não há previsão legal para o toque de recolher, que tem sido adotado em alguns estados.

No documento ao Supremo, Bolsonaro comparou as medidas de isolamento social impostas por governadores do DF e dos outros dois estados a um “estado de sítio” – instrumento que possibilita ao presidente da República suspender temporariamente a atuação dos poderes Legislativo e Judiciário.

“O que é toque de recolher? Só em países ditatoriais. Estão aqui aplicando a legislação de estado de sítio, prevista na Constituição, que não basta eu decretar o estado de sítio, o Congresso tem que validar embaixo. E governadores e prefeitos humilhando a população, dizendo que tão defendendo a vida deles. Ora bolas, que defendendo a vida?! Vocês estão matando essas pessoas.”

Na conversa com seu eleitorado, Bolsonaro disse ter preocupação com a vida, com vacinas, trabalho e emprego. Há algumas semanas, o presidente mudou o tom no discurso relacionado à pandemia e passou a defender a imunização.

“Ontem entrei com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade contra três decretos de três governadores – DF, São Paulo e Rio Grande do Sul –, contra isso. Minha preocupação, revista Veja, é com o povo brasileiro, é com a vida, é com vacina, é com trabalho, é com emprego”, afirmou ele após ter criticado matéria da revista que diz que o governo federal já admite defesa do lockdown.“Eu nunca admiti lockdown, nunca, nunca”, frisou Bolsonaro.A conversa de Bolsonaro com apoiadores foi registrada em vídeo por um canal no YouTube simpático ao presidente.

Do Metrópoles