Bolsonaro diz que Petrobras só dá ‘dor de cabeça’ e só presta serviço a acionistas

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a falar hoje que considera privatizar a Petrobras e afirmou, em entrevista à TV Jovem Pan News, que a estatal só serve para lhe dar “dor de cabeça” e para prestar serviço aos acionistas.

Em um contexto de alta no preço dos combustíveis nas bombas e ameaça de greve de caminhoneiros por causa do preço do diesel, esta é a terceira vez, em outubro, que Bolsonaro fala na possibilidade de privatizar a Petrobras.

No último dia 14, o presidente disse que tinha vontade de privatizar a estatal; anteontem, ele retomou o assunto, dizendo que o assunto estava no radar do governo.

“Eu posso interferir na Petrobras? Vou responder ao processo, o presidente da Petrobras vai acabar sendo preso. É uma e questão, com todo respeito, só me dá dor de cabeça”, disse.

Vamos partir para uma forma de nós quebramos mais monopólio, quem sabe até colocar no radar a privatização. É isso que queremos.
Jair Bolsonaro, presidente da República

O presidente ainda disse que, ao contrário do que ocorre normalmente no mercado de ações, quando o investidor pode ganhar ou perder com determinado investimento, no caso da Petrobras os acionistas sempre ganham.

Ele não apresentou dados que sustentem a análise, citando apenas a alta das ações da empresa. “É uma empresa que, hoje em dia, está prestando serviços para acionistas, mais ninguém”, afirmou.

A chance de vocês perderem na Petrobras é zero, só que o governo federal está pegando R$ 11 bilhões. Uma quantia equivalente a isso vai para acionistas. Você compra ação de qualquer empresa, você vai perder; com a Petrobras, você não perde nunca.

“Ou seja, essa empresa é nossa ou de alguns privilegiados? Sei que tem gente humilde também comprando ações, mas não é justo o que está acontecendo”, declarou.

Na mesma entrevista, Bolsonaro elogiou o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), por ter anunciado o congelamento do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) durante a semana. “Ele deu exemplo”, disse.

O anúncio de Zema, proferido em entrevista à CNN Brasil, foi feito após, na última quinta-feira (21), caminhoneiros tanqueiros de Minas, mas também do Rio de Janeiro, ter paralisado para protestar contra as altas recentes no preço do diesel nas bombas dos postos.

“A partir de hoje está congelando o ICMS do óleo diesel. Mesmo que ele venha aumentar, nós não reajustaremos o valor que é cobrado. Ou seja, o percentual começa a cair a cada aumento que o óleo diesel tem”, disse Zema à CNN Brasil.

O anúncio de Zema veio antes da Petrobras anunciar mais um aumento no preço do diesel vendido nas refinarias,que passou, desde ontem, de R$ 3,06 para R$ 3,34 (alta de R$ 0,28, ou 9,15%), que se reflete no valor registrado nas bombas.

Bolsonaro tem atribuído o preço alto da gasolina e de outros combustíveis ao ICMS, mas dados oficias mostram que são os reajustes da Petrobras o que mais tem pesado para o aumento do preço nas bombas.

Em outubro, a Câmara aprovou um projeto que altera a cobrança do ICMS sobre combustíveis nos estados, prevendo uma alíquota específica fixa para tanto. A proposição, que aguarda trâmite no Senado, é criticada por governadores, que estima perdas na arrecadação.

Do UOL com informações da Reuters