Bolsonaro critica Mandetta e imita pessoa com falta de ar em live

Presidente falou ainda que a população ainda está dividida entre o “fique em casa” e entre quem “quer trabalhar”

O presidente Jair Bolsonaro voltou a defender o “tratamento inicial” contra Covid-19 em live desta quinta-feira (18). Ele imitou uma pessoa com falta de ar, fazendo alguns sons guturais, ao criticar quem se opõe à prática e também o seu 1º ministro da Saúde, Henrique Mandetta, demitido nos meses iniciais da pandemia:

“O apelo que eu faço a quem é contra [o tratamento inicial]... Sem problemas. Se você começar a sentir um negócio esquisito lá, você segue a receita do ministro Mandetta. Você vai para casa, e quando você estiver lá… [barulhos de alguém sufocando] com falta de ar, aí você vai para o hospital”.

Assista ao momento no vídeo abaixo. O vídeo tem 3min1s, mas a imitação começa em 1 minuto e 30 segundos:

Quando era ministro, Mandetta pediu que os brasileiros só procurassem atendimento relacionado à covid-19 caso sentissem falta de ar.

“Na época eu perguntei pro Mandetta: Mandetta, o cara com falta de ar vai para o hospital para fazer o quê?”, continuou Bolsonaro, na live desta 5ª. Ele deu a entender que a resposta do ex-ministro foi “para ser entubado”.

Em 9 de julho, o Ministério da Saúde passou a recomendar oficialmente que todos aqueles com sintomas suspeitos de covid-19 recorram a algum atendimento médico.

A pasta já orienta o uso de hidroxicloroquina para casos leves desde maio. Não há evidência definitiva que o medicamento seja eficaz contra o coronavírus, mas o presidente Bolsonaro continua a defender o uso da substância em casos de covid-19 –embora tenha evitado na live desta 5ª feira pronunciar o nome do remédio.

“Você que não quer o tratamento inicial, você que não quer tomar aquele remédio para matar piolho [referência à ivermectina], que não mata ninguém, fique na sua. Deixe aquela pessoa que quer tomar, que quer ouvir o seu médico, que tome”, acrescentou o presidente.

Bolsonaro fez um paralelo entre a hidroxicloroquina e o AZT, medicamento utilizado contra a aids. O presidente usou o exemplo para dizer que é necessário usar algum remédio agora para contra a covid-19: “Ah, não tá comprovado cientificamente. O AZT na época também não estava comprovado cientificamente”.

De acordo com o próprio Ministério da Saúde, o 1º brasileiro foi diagnosticado com aids em 1982, mas o tratamento com o AZT só começou no Brasil em 1987. Ou seja, foi um remédio que demorou para ser desenvolvido, testado e depois recomendado para casos de aids.

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorizou, na semana passada, um medicamento específico contra a covid-19. Mas o remdesivir é específico para uso em hospitais e para pacientes já internados com diagnóstico de covid-19.

Bolsonaro insiste no que chama de “tratamento inicial”: “Não vamos, simplesmente, remar contra, falar mal… ‘é capitão cloroquina’. Vocês pensam que estão me ofendendo, ué? Vocês vão ter o ‘capitão corrupção’ concorrendo em 2022, aquele velho barbudo [referindo-se a Lula]. Vocês sabem de quem eu estou falando… Estão felizes com esse cara. Não tenho obsessão por ser presidente, por candidatura”, afirmou.

Bolsonaro falou ainda que a população ainda está dividida entre o “fique em casa” e entre quem “quer trabalhar”.

“É bacana ficar em casa sem fazer nada, mas nem todo mundo tem poder aquisitivo para isso”, falou. O presidente citou que o governo está liberando uma nova rodada para o auxílio emergencial. Mas repetiu que o benefício não pode “durar para sempre”.

Do Poder 360