Biden pede pressão internacional para que militares de Mianmar renunciem

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pediu pressão internacional para que militares de Mianmar “renunciem imediatamente” ao poder após golpe nesta segunda-feira (1º). O exército derrubou o governo eleito, prendeu líderes políticos, fechou o acesso à internet e suspendeu voos.

“A comunidade internacional deve se unir em uma só voz para pressionar que os militares birmaneses renunciem imediatamente ao poder”, disse Biden em um comunicado.

O presidente americano classificou o golpe militar como um “ataque direto à transição democrática”, que dura mais de uma década no país. Ele disse que os EUA vão trabalhar com aliados da região para apoiar a transição e que podem rever sanções a Mianmar.

Mianmar vivia uma fase democrática desde 2011, depois de quase 50 anos de regime militar. Naquele período, uma junta militar governou o país. De 2011 para cá, haviam sido implementadas eleições para o Parlamento e outras reformas.

Mapa mostra localização de Mianmar e da capital, Naypyitaw — Foto:  G1

Mapa mostra localização de Mianmar e da capital, Naypyitaw — Foto: G1

Mianmar é um país no sudeste da Ásia que, até 1989, era chamado Birmânia. Os militares que governavam o país decidiram trocar porque Birmânia é o nome de uma etnia, e o regime da época quis fazer um gesto para as pessoas de outras etnias no país.

Reino Unido convoca embaixador

Outra medida retaliativa veio do governo britânico, que convocou nesta segunda o o embaixador birmanês no Reino Unido para condenar o “golpe de Estado” e pedir a “libertação imediata” das lideranças detidas..

O embaixador birmanês Kyaw Zwar Minn foi convocado no Ministério de Assuntos Exteriores e o secretário de Estado britânico para a Ásia, Nigel Adams, “condenou o golpe militar e o encarceramento ilegal de civis, inclusive Aung San Suu Kyi”, segundo um porta-voz do ministério. Ele também pediu “garantias de segurança para todos os detidos e pediu sua libertação imediata”.

As eleições

A última votação havia sido em novembro do ano passado, quando o principal partido civil, a Liga Nacional pela Democracia (NDL, na sigla em inglês), venceu 83% dos cargos em disputa. O novo Parlamento iria aprovar um novo governo.

Os militares se recusaram a aceitar esse resultado. Eles alegam que houve “enormes irregularidades” nas eleições legislativas de novembro.

Os militares haviam tentado argumentar na Suprema Corte do país que os resultados das eleições eram fraudulentos. Eles ameaçaram agir e cercaram os prédios do Parlamento com soldados.

O golpe militar

O golpe ocorreu sem atos de violência e poucas horas antes da primeira sessão do Parlamento formado nas eleições de novembro.

Os militares bloquearam as estradas ao redor da capital com tropas, caminhões e veículos blindados, enquanto os helicópteros militares sobrevoavam a cidade, e derrubaram o sinal de internet e telefonia móvel em todo o país.

Nesta segunda-feira, eles detiveram membros do NDL e líderes civis de Mianmar (inclusive Aung San Suu Kyi e o presidente, U Win Myint), juntamente com ministros, governadores regionais, políticos da oposição, escritores e ativistas.

O golpe foi anunciado em uma estação de TV que pertence aos militares. Um apresentador citou a constituição de 2008, que permite aos militares declarar uma emergência nacional. O estado de emergência, disse ele, permanecerá em vigor por um ano.

Rapidamente, os militares assumiram o controle da infraestrutura do país, suspenderam as transmissões de televisão e cancelaram os voos domésticos e internacionais.

O acesso ao telefone e à internet foi suspenso nas principais cidades. O mercado de ações e os bancos comerciais foram fechados. Em Yangon, a maior cidade e ex-capital do país, os residentes correram aos mercados para estocar alimentos e outros suprimentos.

Do G1.