Baixo isolamento social preocupa e autoridades da PB temem colapso na saúde

SES pediu a intervenção do MPPB para a intensificação da restrição social, com o objetivo de evitar o colapso dos serviços, neste mês de maio

Quase dois meses depois de registrar na Paraíba o primeiro caso de Covid-19, em 18 de março, autoridades estão preocupadas com a rápida evolução do contágio no Estado. Segundo a Secretaria Estadual da Saúde (SES), um dia após o registro do primeiro caso no Brasil, em 26 de fevereiro, a gestão estadual iniciou o planejamento de preparação da estrutura para que, quando atingissem o pico de incidência tivessem o máximo possível de segurança, principalmente em leitos e testes rápidos.

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Conforme a SES, essa estrutura tem avançado, mas a população precisa colaborar, porque não haverá leitos para um adoecimento em massa.  O crescimento dos casos, que têm duplicado a cada quatro dias, com consequentes casos graves preocupa, e, de acordo com a secretaria, acontece devido ao afrouxamento do isolamento por parte da população paraibana. O temor é que isso cause uma onda de casos graves neste mês de maio.

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O abandono do isolamento social pela maioria, implicaria numa tragédia anunciada, que já está sendo verificada em outros estados do país.

O alerta foi feito pelos gestores da Secretaria de Estado da Saúde (SES): o secretário Geraldo Medeiros; a secretária-executiva, Renata Nóbrega, e o secretário-executivo de Gestão Hospitalar, Daniel Beltrammi, durante uma videoconferência realizada pelo Gabinete de Gestão de Crise do Ministério Público da Paraíba (MPPB), nessa terça-feira (06/05), com a participação do procurador-geral de Justiça, Francisco Seráphico Ferraz da Nóbrega Filho e mais de 50 procuradores e promotores de Justiça que atuam na área de saúde, nos municípios.

A SES pediu a intervenção do MPPB para a intensificação da restrição social, com o objetivo de evitar o colapso dos serviços, neste mês de maio.

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Conforme dados apresentados pela SES, a situação é mais preocupante nas cidades que compõem a Região Metropolitana de João Pessoa, onde mais de 80% dos leitos de UTI para adultos já foram ocupados por pacientes que desenvolveram a forma grave da doença.

Leitos

De acordo com dados repassados pelo secretário-executivo de Gestão Hospitalar, por Daniel Beltrammi, a Paraíba, até agora,  implantou 197 dos 396 leitos de UTI previstos no plano de contingência, e 48% estão ocupados. Dos 882 leitos de enfermaria e isolamento previstos no plano, 457 estão ativos, com uma ocupação de 26%. A previsão é que mais leitos sejam incorporados à rede este mês. Somente focando os leitos adultos, a ocupação sobe para 61% nas UTIs.

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Na região de João Pessoa (1ª macrorregião), dos 222 leitos planejados, foram instalados 107, com ocupação de mais de 80% dos leitos de terapia intensiva para adultos.

Outra preocupação da SES é o baixo número leitos na UTI e de profissionais intensivistas. “Temos um número confortável de leitos de enfermaria e isolamento, mas dificuldades de leitos de UTI e de profissionais intensivistas”, revelou Medeiros, após ser questionado por promotores de Justiça que atuam no Sertão, sobre a estrutura para atender a população da região, já que os centros de tratamento especializados para covid-19 estão na capital e em Campina Grande. “A gente sabe que 5% dos casos de covid-19 precisam de cuidados intensivos. Não  só de equipamentos, mas de recursos humanos. Não há disponibilidade de quantitativo suficiente de profissionais (para espalhar equipes nos municípios), porque  20% deles vão adoecendo e desfalcando ambientes com poucos profissionais. Quando isso acontece, os pacientes ficam desassistidos. Isso significa a morte do doente. Os pacientes graves devem ser transferidos pela falta de condições dos profissionais locais de manuseá-los (requerem cuidados intensivos e especializados)”, explicou Geraldo Medeiros.

No entanto, os gestores garantiram que há leitos de enfermarias e para estabilização na região, nos hospitais de Patos, Cajazeiras e Pombal e que os casos graves dessa região deveriam ser transferidos para Campina Grande, por causa das dificuldades de conseguir profissionais especializados em número suficiente para substituir os que adoecem e precisam ser afastados, porém, confirmam que há leitos de enfermaria e isolamento, com respiradores e monitores para estabilizar os pacientes no Sertão e que, pelas razões explicadas, os hospitais de campanha na região não são viáveis.

Agora, os membros do Ministério Públicos devem manter uma atuação uniforme no atendimento à população e na intensificação do isolamento social, que, na falta de vacina e de tratamento efetivo para a doença, tem se mostrado a solução mais viável para evitar o colapso do sistema de saúde e milhares de mortes, por falta de assistência, e no sentido de orientar, colaborar e cobrar as medidas anunciadas tanto pelos gestores estaduais, quanto municipais.