Aumento de custo pode inviabilizar ampliação de teste do pezinho no Brasil

PL foi postergada da pauta que previa votar assunto na semana passada, em regime de urgência, após prisão do deputado Daniel Silveira

O bolsonarista Daniel Silveira atirou no STF, mas a bala perdida acabou acertando alvos inesperados, entre eles a esperada ampliação do teste do pezinho. Na crise gerada pela prisão do deputado do PSL-RJ, foi postergada a pauta que previa votar na semana passada, em regime de urgência, o PL 5043/2020, de autoria do deputado Dagoberto Nogueira (PDT-MS).

O otimismo quanto à sua provável aprovação já havia sido anteriormente abalroado. “A Mesa Diretora da Câmara decidiu apensar [anexar] para votação conjunta outros 30 projetos de lei”, conta a relatora, Marina Santos Batista Dias (Solidariedade-PI). Destes, 16 têm relação direta com o tema; os demais, embora estejam relacionados à saúde do recém-nascido, tratam de exames que nada têm a ver com a triagem neonatal do SUS.

Para a deputada, que também é médica, a inclusão de exames cujo pedido é feito caso a caso pelo médico, a partir de avaliação clínica, desfigura o caráter do teste obrigatório em todos os nascidos e deve inviabilizar a aprovação do projeto devido ao aumento exponencial dos custos.

“Uma dessas proposições, por exemplo, trata da tomografia computadorizada por emissão de pósitrons (PET Scan), que custa em média de R$ 3.500 a R$ 4.000”, afirma a deputada federal. Com a retomada dos trabalhos legislativos nesta semana, aguardam-se os desdobramentos.

Desde 2014 vêm tramitando, sem sucesso, inúmeros projetos que tratam do teste do pezinho ampliado. A dificuldade começa já no conceito de “ampliado” e aumenta com a complexidade do assunto.

A versão do teste disponível na rede pública detecta até seis doenças de causa genética, enquanto a versão expandida encontrada nas redes particulares faz o diagnóstico de “mais de 100” condições.