
As investigações sobre o bilionário esquema de fraudes contra aposentados, que envolveu o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e causou prejuízos estimados em R$ 6 bilhões desde 2016, revelaram conexões com uma apuração realizada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do Ministério Público da Paraíba.
Um dos pontos de interseção entre os casos é a Associação dos Aposentados e Pensionistas do Brasil (AAPB), citada nas duas frentes investigativas. Na Paraíba, a entidade figura como um dos alvos da Operação Retomada, deflagrada no fim de 2024 para investigar fraudes envolvendo a Comarca de Gurinhém.
Durante a operação, o juiz Glauco Coutinho foi afastado do cargo por determinação judicial, pelo prazo de um ano. Três advogados também são investigados por participação no suposto esquema. A suspeita é que o grupo tenha atuado em ações judiciais coletivas para suspender empréstimos consignados, permitindo a liberação de novas linhas de crédito. Além disso, foram identificadas simulações de acordos coletivos com cláusulas desconhecidas pelos aposentados, que resultaram em descontos irregulares nos contracheques.
Apesar de não haver ligação direta entre o núcleo investigado na Paraíba e a fraude nacional contra o INSS — que teve atuação administrativa e motivou a AGU a pedir o bloqueio de R$ 2,5 bilhões da AAPB — os investigadores consideram os métodos utilizados muito semelhantes. Por isso, os dois grupos de investigação passaram a compartilhar informações, na tentativa de aprofundar as conexões entre os casos.