
Ao longo de sua história, Campina Grande desenvolveu um forte senso de identidade coletiva que é frequentemente descrito como “bairrismo”. Este termo, muitas vezes utilizado para rotular o orgulho exacerbado de uma comunidade por uma cidade, assume aqui uma conotação profundamente positiva.
O bairrismo do campinense não se limita a um apego territorial. Ele é, sobretudo, uma celebração do espírito empreendedor e desbravador que moldou a cidade. Desde os chamados “Tropeiros da Borborema” que ajudaram a fundar Campina Grande até os inovadores tecnológicos e industriais contemporâneos, a cidade construiu uma mística em torno de sua capacidade de transformar desafios em oportunidades.
Esse bairrismo reflete um orgulho pela capacidade da cidade de se reinventar e prosperar, mesmo nas adversidades. Campina Grande se vê, e é vista por seus habitantes, como um berço de criatividade e inovação, onde o dinamismo econômico e social de sua gente é celebrado como parte essencial de sua identidade.
O sentimento de pertencimento é reforçado pela narrativa de que cada cidadão é, de alguma forma, um herdeiro desse legado de pioneirismo. Assim.sendo, o orgulho local funciona como um motor de coesão social e de estímulo à inovação. Esse sentimento perpetua a ideia de que Campina Grande não é apenas um lugar, mas um espírito coletivo de superação e realização.
Listar nomes que, em suas respectivas áreas de atuação, validaram e legitimaram essa “mística” em torno da cidade, exigiria uma boa dezena de linhas. Mas, como estamos no espaço restrito de um blog, homenageio todos os homens e mulheres que fizeram parte dessa história nas figuras de dois “Josés”, muito amigos: meu pai (campinense por adoção) e José Carlos da São Braz (esse, da gema). Voltemos o foco ao conceito em si.
Em um cenário mais amplo, o bairrismo campinense pode ser interpretado como uma forma de capital social, que não só une a comunidade, mas também a projeta a cidade para além de suas fronteiras. A Campina que já enfrentou crises crônicas de desabastecimento de água, extinção do ciclo econômico do algodão, perda do protagonismo político e inúmeras transformações sociais, mantém sua essência empreendedora e criativa. E isso faz com que seus cidadãos, onde quer que estejam, carreguem consigo o orgulho de suas raízes.
PS: esse texto é minha modesta homenagem aos 160 anos da cidade onde nasci e que trago com enorme afeto no coração e na memória.