Ameaças veladas, censura e criminalização do jornalismo não passarão

Profissão ou atividade de jornalista. Imprensa periódica. Conjunto dos jornalistas. De acordo com o dicionário Aurélio, esse é o significado de jornalismo. Para outros, jornalismo é uma atividade de natureza técnica caracterizada por compromisso ético peculiar. Ou até mesmo chega a ser caracterizado como o Quarto Poder – ao lado de Executivo, Legislativo e Judiciário.

Teorias e definições à parte, a atividade jornalística vem sendo execrada e atacada nos últimos anos no Brasil, com mais afinco nos dias atuais. Principalmente por setores políticos que buscam – ou necessitam – do silêncio e da falta de holofotes sobre temas obscuros. Porém, assim como o Poder Público, o jornalismo é uma atividade social, que também serve ao povo.

Como disse o repórter Joel Silveira, jornalista não é quem toca na banda, mas quem vê a banda passar. O jornalista expõe fatos, conta histórias, investiga, escreve, mostra. Não julga, não acusa, não incrimina. A imprensa não tem papel de Judiciário.

Uma das frases mais ditas para evidenciar a atuação jornalística quando incomoda, é “isso é uma fake news”. “Jornalismo é publicar aquilo que alguém não quer que se publique. Todo o resto é publicidade”, foi dita por William Randolph Hearst, e não por George Orwell. E Hearst foi preciso. Comungamos de seu pensamento.

Um recente episódio acometeu a atividade jornalística realizada pelo Paraíba Já. Uma reportagem mostrando uma possível candidata laranja do PSL no estado, foi tachada de fake news pelo deputado federal Julian Lemos, presidente estadual da sigla. Em seu papel, ele desmente a informação e lança o contraditório. Porém, ao invés de confrontar a informação, ele ataca o veículo.

A reportagem não demonstra qualquer tipo de veredito. Até porque não é nossa atribuição. Expusemos um fato baseado em documentos, fontes especializadas e dados do Tribunal Superior Eleitoral. Inclusive, há um procedimento do Ministério Público Federal na Paraíba para investigar candidaturas laranjas femininas no estado, que foi remetido ao Ministério Público da Paraíba.

Destacamos ainda que não citamos em nenhum momento suspeitas de que a candidata se trata de uma candidatura fantasma, onde ela não teria praticado atividades de campanha. Desvirtuar o cerne da informação, é um dos pontos para se distanciar dos fatos narrados. Não recorramos a tal expediente.

Além disso, nitidamente usar de ameaças veladas para silenciar o trabalho da imprensa é um modus operandi que nos remete aos tempos da Ditadura Militar. Tempo nefasto da história brasileira. Se é para sermos “humanos direitos”, que sejamos em todos os ambientes de nossa existência, e não apenas quando nos convém. Foi comentado ainda que seríamos alvo de processo. Por qual crime? Exercer o jornalismo?!

Não queremos comprar brigar com ninguém. Não recebemos recomendação de ninguém. Não fomos pagos por ninguém para publicar esta pauta. Não acusamos ninguém. Tivemos apenas a ousadia de exercer o ofício do jornalismo investigativo. Na grande maioria das vezes, isso incomoda. Mas é jornalismo.

Não nos sentimos nem um pouco acuados com ofensas proferidas nas redes sociais, tampouco com ameaças de processos. Às vezes, lamentamos profundamente quando vemos agentes públicos tentando criar clima de terrorismo em stories de Instagram, com simulações de tiros contra animais.

Essas ameaças veladas constrangem não apenas a nossa equipe, mas todo o mercado jornalístico local. É um atentado contra a liberdade de expressão e pensamento. A história da imprensa paraibana ainda é marcada pelo assassinato do jornalista e empresário Paulo Brandão, diretor do Sistema Correio. Há 35 anos ele fora assassinado por denunciar corrupções na administração pública e para silenciar a imprensa, prática useira e vezeira da Ditadura Militar.

Ressaltamos ainda que não utilizamos de meios escusos para tratar fisiologicamente de temas. Cabe ainda mais destacar, que não utilizamos o jornalismo investigativo como meio para chantagear personagens políticos. Prática tida, por alguns, como comum na comunicação paraibana. Não vendemos nossa reputação profissional em troca de montantes em nosso CNPJ ou gracejos à equipe. Não nos confunda, nos chamamos Paraíba Já.

Lançar o contraditório é um direito de qualquer um. Ser contraditório é da natureza do jornalista. Logo, essa tentativa de criminalizar os profissionais que buscam por informações que não estão à luz do público é desserviço. Desrespeitar o trabalho de uma equipe profissional é, no mínimo, leviano. Todos trabalham incessantemente em busca de melhor informar a população paraibana. Exigimos respeito! Poucos sabem, mas para que uma pauta desse porte seja publicada, são semanas, meses de investigação, checagem de fontes, entrevistas, coleta de dados que, quase sempre, estão dispersos por termos ainda uma Transparência das informações públicas com pouca acessibilidade.

Por fim, lembramos que a liberdade de imprensa, expressa na Constituição de 1988, e a Democracia caminham lado a lado. Convivem em reciprocidade. Então, sejamos democráticos.