Pedidos de ajuda que não chegaram, almoços atrasados, audiências virtuais canceladas e vendas suspensas foram algumas das consequências da queda do serviço de WhatsApp no início da tarde desta segunda-feira (4), em São Paulo.
WhatsApp, Facebook e Instagram estão fora do ar na tarde desta segunda-feira (4). Internautas em todo o mundo relataram dificuldade para acessar os três serviços – todos eles pertencem ao Facebook.
Para a advogada Tatiana do Amaral, de 41 anos, a queda no serviço foi de risco à saúde. Ela teve um pico de açúcar no sangue e tentou pedir ajuda para o pai por WhatsApp, mas a mensagem não chegou e ela desmaiou.
“Foi muito rápido. Acabei mesmo nem pensando em ligar. O Dumping é um pico de açúcar que causa efeitos parecidos com a hipoglicemia, então os efeitos dele são meio fortes. Eu estava no quarto e mandei pedido de ajuda pelo WhatsApp para o meu pai que estava vendo TV na sala, já que moramos em um sobrado. Ele não viu e eu apaguei… Acordei faz 5 minutos. Risco de vida não sei, mas como apaguei, ao menos corri risco de ficar com sequelas sim, porque o desmaio é falta de oxigenação no cérebro”, conta.
Tatiana acredita que ficou entre 5 a 10 minutos desmaiada e ainda acordou com a pressão alta.
Tatiana não foi a única que esqueceu que podia usar o telefone para ligar em vez de mandar uma mensagem de texto.
A advogada Ana Flavia G. Da Veiga, 31 anos, tinha uma audiência marcada para a tarde desta segunda-feira (4), que não aconteceu por causa da queda no serviço de WhatsApp. Segundo ela, as audiências acontecem pelo aplicativo Teams, mas os links para elas são enviados pelo WhatsApp.
“Desde que o Tribunal de Justiça entrou em trabalho remoto, as audiências foram transferidas para o ambiente virtual. Juiz, promotor, perito, réu, parte, todo mundo se encontra pelo Teams. O link do Teams é enviado por e-mail e WhatAapp. Muitas pessoas preferem indicar o telefone como meio para acessar a audiência”, afirma ela.
A queda no serviço de WhatsApp e Instagram afetaram principalmente pequenos comerciantes e vendedores autônomos.
Por causa da pandemia, a vendedora Kelly Cristina Teixeira, de 41 anos, teve de fechar as portas da loja física da Bendita Maria Moda e passou a vender apenas através da loja virtual, principalmente por WhatsApp e Instagram. Ela estava conversando com clientes quando aconteceu a queda dos serviços.
“De repente tudo parou, pensei que o problema era da minha internet, agora vejo como somos dependentes desses aplicativos. Eu tinha uma loja na rua Augusta. E com a pandemia fui obrigada a fechar e me dedicar 100% a esse novo modelo digital. As coisas já não estão fáceis e agora tem essa queda, só por Deus”, afirma ela.
A vendedora Kelly Cristina Teixeira, de 41 anos, teve de fechar as portas da loja física Bendita Maria Moda e passou a vender apenas através da loja virtual — Foto: Arquivo pessoal/Divulgação
A consultora de vendas Marina Piva, 31 anos, passou por uma situação semelhante. Ela estava usando o WhatsApp para fazer cobrança de mensalidades dos alunos do marido, que é profissional de educação física.
“Trabalho com vendas no WhatApp, não consigo vender nesse caso e tenho mais de 100 alunos online, preciso conversar com todos. Estava organizando as mensagens para começar a trabalhar nisso quando vi que caiu. O WhstsApp fora afeta 100% o meu trabalho”, afirmou ela.
Marina acredita que vai amargar prejuízo e atraso em pagamentos por causa da instabilidade do serviço.
“Infelizmente saímos bem prejudicados. As pessoas que se interessam pela consultoria podem perder o interesse pela demora da resposta, é complicado. E acredito que alguns pagamentos dos alunos ficaram atrasados por conta disso também”, afirma.
Algumas pessoas, porém, até gostaram da queda do serviço.
“Me deu um break num dia bem tenso no trabalho”, afirmou Danilo Moura, de 34 anos, que trabalha como despachante aduaneiro.
No Twitter, um usuário arriscou um palpite. “Sem insta, whats, talvez as pessoas percebam o que acontece ao lado.”
O despachante aduaneiro Danilo Moura aproveitou a pausa no trabalho por causa da queda do WhatsApp — Foto: Arquivo pessoal/ Divulgação.
Do G1.