A vitória de Trump e o papel da imprensa brasileira: uma reflexão sobre a tendência mundial

A vitória de Trump e o papel da imprensa brasileira: uma reflexão sobre a tendencia mundial
Donald Trump - Foto: Reprodução/ Instagram

Por Sales Dantas

A vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos evidencia, mais uma vez, uma tendência de mudança no cenário político global. Esse resultado reflete um movimento de repúdio ao establishment e ao que muitos enxergam como um distanciamento das elites políticas das necessidades e expectativas do cidadão comum. No entanto, essa mudança encontra resistência lá significativa de uma parte da imprensa, especialmente no Brasil, que frequentemente expressa uma preferência nítida contra figuras conservadoras e movimentos populistas de direita.

É inegável que, desde o início da corrida eleitoral, uma parte considerável dos grandes veículos de comunicação brasileiros adotou uma postura contrária a Trump. As manchetes e análises, em grande medida, enfatizaram aspectos negativos de sua campanha, enquanto pouco se falou sobre o apelo que ele exerce junto a uma parcela significativa dos eleitores americanos. Em muitos casos, as reportagens focaram mais nas polêmicas e menos nos motivos pelos quais a população, inclusive a classe média e trabalhadores rurais dos Estados Unidos, demonstram confiança em seu projeto político.

Esse comportamento da mídia não é exclusivo ao cenário americano; ele se alinha a uma tendência mais ampla no Brasil, onde parte dos veículos de comunicação mantém uma postura contrária ao conservadorismo. Ao apostar em uma narrativa que parece desconectada dos interesses e valores de uma parte da população, esses meios correm o risco de reforçar a ideia de uma mídia distanciada, que projeta mais seus próprios valores e preferências do que se aproxima do sentimento popular. Quando a vitória de Trump se concretizou, muitos desses veículos enfrentaram a realidade de uma derrota simbólica, pois as apostas e previsões feitas estavam claramente desalinhadas com o resultado.

A lição para a mídia brasileira talvez esteja em reconhecer que a pluralidade de vozes e ideologias não é uma fraqueza. Pelo contrário, representa uma força vital para a democracia. Em tempos de grandes mudanças, em que o eleitor global parece cada vez mais à procura de líderes que representem uma ruptura com o status quo, cabe à imprensa observar essa tendência com um olhar mais imparcial e analítico, oferecendo ao público uma cobertura que permita compreender melhor os múltiplos lados do espectro político.

Portanto, a vitória de Trump não é apenas um resultado eleitoral; ela se torna uma oportunidade de reflexão. Resta saber se os veículos de comunicação no Brasil, ao enfrentarem essa dura derrota narrativa, estarão dispostos a repensar sua abordagem e considerar o que essa nova onda global de conservadorismo realmente representa.

*Jornalista e ex-vereador de João Pessoa