Que a bancada de oposição da Câmara Municipal de João Pessoa não tem conserto, já sabemos há muito tempo.
Após o vazamento de áudio do prefeito Luciano Cartaxo com secretários articulando negócios escusos, é certo imaginar que Manoel Junior já estava ensaiando o discurso de posse. O conteúdo da gravação, de fato, tinha o potencial de derrubar um gestor.
E o que a oposição fez? Nada. Absolutamente. Pra não dizer que não fez nada, se reuniram e ficaram de solicitar uma audiência com o secretário da Saúde, Adalberto Fulgêncio, um dos envolvidos nas gravações. É sério?
Impressiona, inclusive, a má vontade dos vereadores em atenderem a imprensa, em repercutirem o caso. Parece que estavam se escondendo. Vou dar o desconto de que o áudio saiu na quinta-feira, após a sessão e na sexta, como se sabe, não tem expediente na CMJP. Por isso, o teste de fogo será hoje. Cartaxo tem ou não oposição?
Ouvi até dizer que, em posse dos áudios antes da divulgação pelo jornalista Wellington Farias, se reuniram, alguns votaram por engavetar a divulgação da gravação, e demoraram tanto pra decidir algo, que a imprensa acabou soltando.
Com uma oposição dessas, Cartaxo certamente não precisa de bancada de situação.
Eu espero que explicações sérias sejam cobradas de maneira enérgica. Não dá pra engolir a versão da prefeitura, tentando se vitimizar e falando em uma tese absurda de “arapongagens”, como se vivêssemos num filme de 007.
Que se fale até, por que não?, em CPI. Porque o Ministério Público ainda não se posicionou de maneira oficial sobre o caso e nem sabemos se tem interesse em ir até o fundo das investigações. É um assunto sério, caso as suspeitas sejam confirmadas. Prefeitos já foram presos na Grande João Pessoa por cobrarem propinas.
Cartaxo não pode passar incólume por mais este escândalo.