A terceira edição do projeto Cinema no Cenário, neste dia 12, às 19h, é dedicada à exibição de quatro curtas paraibanos: Pulmão de Pedra, de Torquato Joel; Serão, de Caio Bernardo; Alvará, de Fernando Abreu; e Cercas, de Ismael Moura. Nas edições anteriores do projeto foram exibidos os longas-metragens Pacarrete, do cearense Allan Deberton e Seu amor de Volta (mesmo que ele não queira), do paraibano Bertrand Lira.
“A ideia é sempre exibir e debater filmes dirigidos por paraibanos ou que tenham profissionais da Paraíba no elenco ou em funções técnico-artísticas”, informou Bertrand Lira, curador do projeto, idealizado por Sulamita Nóbrega, empresária do Cenário Hostel; Boteco, em Bananeiras, que pretende “oferecer uma opção artístico-cultural na programação turística da cidade, porque além da sessão de filmes, contamos com a presença dos diretores, atores e atrizes para uma roda de conversas seguida de uma apresentação musical local”, explica.
Os filmes de curta-metragem da programação têm em comum o fato de terem a assinatura do cineasta Torquato Joel nos seus créditos. Além do seu próprio filme Pulmão de Pedra, três deles são frutos do Laboratórios Jabre de Cinema, um desdobramento do Projeto Viação Paraíba, criado em 2011 com o intuito de capacitar jovens realizadores do interior em áreas específicas da realização cinematográfica: roteiro, fotografia, som, atuação, entre outras, tendo como facilitadores profissionais de reconhecida atuação no mercado cinematográfico da região. Alguns destes filmes foram selecionados e premiados em importantes festivais no Brasil e no exterior.
Pulmão de Pedra, de Torquato Joel, é um documentário com 14 min realizado em 2023 e trata da lida de Seu Joãozinho pela sobrevivência, numa luta insana contra pedras. Serão, de Caio Bernardo (14min), um documentário observacional sobre a árdua prática secular de extração manual de cal e a nova promessa do suposto empreendedorismo, via costura, oferecida pela indústria têxtil. Uma família, no Cariri paraibano, continua refém de uma jornada de trabalho interminável.
Os outros dois curtas, Cercas, de Ismael Moura (17 min, 2022) e Alvará (2022, 14min), de Fernando Abreu, são duas ficções, o primeiro com extensa participação em festivais nacionais e internacionais e o segundo em início de carreira. Cercas aborda a saga da menina Maria que, depois de perder sua mãe, tem que enfrentar seus medos e quebrar as cercas para um mundo novo. Já em Alvará, o garoto Dudu finalmente consegue realizar um sonho de seu pai, mas nem tudo sairá conforme seu desejo.
Os realizadores atuam em diversas esferas: Torquato Joel, funcionário aposentado da UFPB é cria do ciclo de Super 8 dos anos 80 na Paraíba, como fotógrafo, roteirista e diretor de curtas. Na bitola 35mm, realizou os curtas: À Margem da Luz (1996), O Verme na Alma (1997), Passadouro (1999), Transubstancial (2003) e Gravidade (2006) entre outros. Seus curtas circulam em mais de 60 festivais e mostras, totalizando 51 prêmios em festivais brasileiros. Pulmão de Pedra (2023), seu mais recente curta-metragem, inicia o circuito de exibição em festivais.
Por sua vez, Fernando Silva de Abreu, 44 anos de idade, filho de agricultores, nascido e criado na cidade de serra da Raiz, Paraíba, desenvolve trabalhos artísticos como teatro de rua, dirigindo e atuando no espetáculo A paixão de Cristo, desde 2003, entre outros. Em 2021 participou do laboratório Jabre, desenvolvimento o roteiro que deu origem ao filme Alvará.
Em 2023, na residência Copaoba de desenvolvimento de roteiros, deu início ao seu segundo roteiro que está pronto para ser produzido. Já Caio Bernardo, do curta-metragem Serão (2023), é formado em letras pela UEPB. Roteirista e diretor dos curtas Caetana, Pedras e Serão rodados no Cariri paraibano. Dirigiu o primeiro Festival de Cinema de Coxixola. Atualmente desenvolve o longa-metragem Aurora aprovado pela Lei Paulo Gustavo.
Ismael Moura de Cercas (2022) é roteirista, diretor e ator de várias produções cinematográficas e teatrais. Nascido em Cuité, Paraíba, ele se destaca por sua contribuição para o cenário cultural e cinematográfico da região. Ismael é o curta-metragista mais premiado do cinema paraibano. Só com Ilha (2014), o cineasta já arrebatou mais de 130 prêmios no Brasil e no exterior. É sem dúvidas o curta mais premiado de nossa cinematografia. Cercas segue a trajetória exitosa de Ilha, circulando em festivais e mostras no Brasil e em países como Reino Unido, Escócia, Estados Unidos, Índia, Chile, Bulgária, Hungria, Paquistão, entre outros, arrebatando prêmios.