23º edição do Salão de Artesanato da Paraíba bate recorde de público

Em apenas 17 dias de funcionamento, a 23ª edição do Salão de Artesanato da Paraíba recebeu 72 mil turistas e faturou um total de R$ 1.370.719,00 em vendas. Também foram realizadas R$ 56.194,00 em encomendas totalizando a comercialização de 66.636 peças. O resultado foi divulgado pela coordenadora do Programa de Artesanato da Paraíba (PAP), Lu Maia. O evento aconteceu de 15 a 31 de janeiro no Espaço Cultural José Lins do Rêgo, em João Pessoa.

De acordo com dados levantados pelo PAP, os números superam as marcas das edições anteriores, tendo em vista que a última edição ocorrida no mês de junho, em Campina Grande, a qual durou 22 dias, houve a venda de R$ 1.618.855,68. Já em janeiro de 2015, quando o Salão durou 36 dias, foram contabilizadas as vendas em R$ 1.290.279,00.

“O espaço é do povo e o algodão colorido é paraibano” foi o tema desta edição, que destacou a diversidade do artesanato produzido na Paraíba, com ênfase para o algodão colorido. Os artesãos apresentaram diversas tipologias, porém os mais vendidos foram fios, habilidades manuais, algodão colorido – tema homenageado – , madeira, couro, cerâmica e tecelagem. Além do artesanato, o visitante pode degustar comidas típicas no espaço gastronômico e assistir diversas manifestações da cultura popular como “Os Fulanos” e “Os Gonzagas”.

“Chegamos ao final de mais uma edição com muita satisfação de uma missão cumprida. Superamos todas as dificuldades encontradas em nossa trajetória por causa do compromisso que cada um de nós tem com o Governo da Paraíba. Nossos artesãos estão reconhecendo nosso trabalho, os nossos esforços e estão satisfeitos com as vendas. Temos lindos e emocionantes depoimentos de gratidão e felicidade porque suas vidas estão mudando para melhor por causa da oportunidade que está sendo ofertada gratuitamente”, comemorou a gestora do PAP, Lu Maia.

O Salão envolveu um total de 3.162 artesãos indiretamente (individuais, cooperativas e associações) e 396 diretamente oriundos de 71 municípios paraibanos. Apesar da participação masculina, a presença das mulheres representou 90,25% dos profissionais envolvidos.

Entrega de premiações – Uma novidade este ano foi o Troféu PAP que premiou os três primeiros artesãos que tiveram suas peças mais votadas. Elas ficaram disponíveis ao voto público por meio de um computador instalado na ilha de descanso do Salão. No universo de 30 peças, o artesão Márcio Pontes, natural de João Pessoa, conquistou 407 votos alcançando o primeiro lugar com um galo em escultura de metal.

“A inspiração veio quando cheguei de uma festa no interior e lá pela madrugada, em frente de casa, ainda sem sono, avistei um galo imenso. Como já trabalhava com metal me veio logo a ideia. O trabalho durou cerca de 20 dias, mas confesso que fiquei surpreso, pois no meio de tanta obra de arte ter a minha mais bem votada me deixou imensamente feliz e grato. Agora já tem três lugares que vou negociá-la a partir desta oportunidade”, declarou o artesão Márcio Pontes.

Em segundo lugar, com 256 votos, oo artesão de Campina Grande, José dos Santos, conquistou o público com uma casa réplica de interior. Já o terceiro lugar, com 189 votos, foi conquistado pelo artista de Nova Palmeira, Eder Jasen, conhecido pelos instrumentos musicais artesanais.

Para Lu Maia, a iniciativa vale mais do que um troféu, vale a divulgação e a promoção do trabalho de cada um. “A premiação foi pensada para que a população pudesse chegar mais próximo do artesão, conhecesse os valores culturais contidos em cada peça, inclusive teve o apoio de outros artistas como o Roosevelt da Silva (chapéu de couro), Elias França (madeira) e João dos Ramos (escritas em pirógrafos)”, acrescentou a gestora.

Peças produzidas em unidades prisionais – Bonecas de pano, cinzeiros, cofres em formato de casas e outros objetos produzidos em madeira, porta-retratos e peças com a técnica origami confeccionadas por reeducandos também estiveram presentes no Salão.

Com isso, a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) avaliou a participação como positiva, uma vez que possibilitou apresentar ao público que hoje aquelas pessoas que estão privadas de liberdade podem, durante sua sentença, trabalhar na confecção de peças com delicadeza, beleza e criatividade. O valor arrecadado foi de aproximadamente foi de R$ 1 mil que será repassado a cada artesão, para que entregue aos familiares ou os ajude na compra de novos materiais.

O secretário de Administração Penitenciária, Wagner Dorta, destacou a importância de fomentar a produção artesanal dentro das unidades. “Percebemos que existem várias pessoas cumprindo pena que demonstram habilidades manuais na confecção de peças artesanais e o nosso papel é proporcionar que estes possam desenvolver este talento e, consequentemente, sair da ociosidade e evoluir numa ação lúdica e educativa. Por isso se torna tão importante dentro do processo de ressocialização”, disse.

A gerente executiva de ressocialização, Ziza Maia, ressaltou que este é o sexto ano em que a SEAP participa do Salão. “É importante salientar a importância desta parceria que vem contribuindo com o estímulo aos artesões que se encontram privados de liberdade. A exposição e comercialização dos artesanatos têm proporcionado a valorização da arte que também existe por trás dos muros do cárcere”, disse.

A reeducanda Alcivânia Ferreira Gomes, de 35 anos, falou da importância de estar presente em um evento desta magnitude. “Agradeço a Deus e as pessoas que deram esta força para a nossa participação no Salão de Artesanato. Foi mais um passo importante para a minha vida e eu creio que na vida de muitos que estão lá aprendendo. É importante a gente poder sair de um fracasso de cabeça erguida e com uma profissão na mão. Um recado que eu deixo para as outras reeducandas que queiram mudar de vida é nunca desistir, pois quando a gente realmente deseja alguma coisa, a gente consegue. Eu sou a prova real disto”, finalizou a detenta.