Vídeo: Escurinho fala de trabalho musical com jovens infratores e do seu novo álbum

Depois de quase 30 anos de carreira como músico, Escurinho ingressou no curso de música popular da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Ele diz que tem sido uma experiência excepcional e celebra o viés que o curso tem.

O artista revela que muita gente que o conhece da cena musical quando o vê nos corredores do bloco de Música da UFPB pergunta se ele está dando aula e ele responde que está, na verdade, estudando música.

“É incrível ter um curso superior de música popular, poucos lugares do Brasil tem. Sempre saio das aulas maravilhado!”, destaca Escurinho, acrescentando que o curso ajuda a desenvolver a sua atividade musical.

Confira o vídeo com a entrevista completa:

Oficinas para jovens infratores

Há  quatro anos escurinho iniciou um trabalho de educação musical com jovens e adolescentes infratores à convite do Governo da Paraíba. Inicialmente, ele atuou no Centro Educacional do Jovem (CEJ), com jovens de 16 a 18 anos e depois passou a ministrar oficinas de percussão para adolescentes do Centro Educacional do Adolescente (CEA), com rapazes na faixa etária de 14 a 16 anos.

Ele vê esse trabalho como algo recompensador e que tem uma função social.

“A gente acredita que com um trabalho assim a gente pode ajudar esses meninos. Eles erraram e estão lá dentro e a gente entende que eles já estão pagando a pena, então, precisa de ter apoio psicológico, educação e cultura”, defende ele levantando a bandeira da cultura como ferramenta de ressocialização dos adolescentes infratores.

“Quando eu entro na sala para ministrar as aulas eu não procuro saber o que foi que eles fizeram, qual o crime que cometeram, porque aí eu estaria julgando”, pontua.

“Sou muito grato a eles pelas experiências que a gente tem tido, o potencial que eles tem revelado, de ser humano inclusive”, acrescenta.

Ciranda de Maluco

Ciranda que se preze na Paraíba tem de tocar Escurinho. Essa caraterística musical vem ganhando força na trajetória de Escurinho e se tornando uma marca na sua identidade artística, tanto que ele lançou em 2015 o álbum “Ciranda de Maluco – Volume 1”.

Ele pondera que embora não seja um músico surgido da ciranda tradicional, se permitiu, como admirador da cultura popular, desenvolver algo que trouxesse esse gênero para o centro do seu trabalho musical.

“Sou fã da cultura popular: da ciranda, do coco, da embolada e escolhi a ciranda como um gênero mais festivo. Quando comecei o projeto da ciranda eu não imaginei que fosse ganhar essa proporção, mas as pessoas vieram junto”, revela.

Se depender de Escurinho, a ciranda terá vida longa na sua trajetória musical. Ao falar do novo álbum, Ciranda de Maluco, ele é só empolgação.

“Fiz o volume 1 e espero fazer o volume 50”, diz.

Identidade

Como um artista que assume a sua personalidade dentre o fora dos palcos de forma muito clara, levantando a bandeira da cultura popular, da negritude e da afirmação da identidade cultural latino-americana, brasileira e nordestina, Escurinho ressalta que sua figura e sua música sempre tem algo a dizer e a revindicar, mesmo quando não aparentam.

“Mesmo quando eu falo de coisas banais, em festas, tem um toque de alerta, de cuidado e de respeito com o ser humano. Tudo tem caminho, nunca é de graça o que você fala quando você se propõe a viver essa verdade”, pontua.

“Eu podia estar fantasiado de outra coisa e minha música não ter contribuição pra nada, quando eu vou para o palco desse meu jeito. Essa postura, essa verdade para as pessoas é importante”, destaca.