Uso inadequado da rede de esgoto faz Cagepa recolher 9 toneladas de lixo por mês

Imagine se deparar com uma TV dentro da tubulação de esgoto? Parece surreal, mas, para os agentes de manutenção da Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (Cagepa), é uma situação até corriqueira ao fazer a desobstrução das redes. Entulho de material de construção, pneus, colchões, garrafas plásticas e carcaças de material eletrônico também já foram encontrados dentro dos canos da Grande João Pessoa. Por mês, são recolhidas cerca de 9 toneladas de lixo nas redes de esgoto da Região Metropolitana da Capital.

Para ilustrar o cenário de sujeira, no gradeamento da Estação Elevatória de Esgotos localizada na Avenida Maria Rosa, em Manaíra, são acumulados 70 kg de lixo todos os dias. “Lá a limpeza tem que ser diária. É a maior estação. Se calcularmos o que fica retido nas 66 elevatórias de esgoto da Região Metropolitana, o número é absurdo”, observou o engenheiro Ricardo César, subgerente de Manutenção de Esgotos da Cagepa.

Como esses objetos maiores vão parar na rede de esgoto é uma incógnita, mas os agentes de manutenção da Cagepa relatam que, em muitos locais, o lixo é entulhado pela população depois que as tampas dos poços de visita (PVs) são furtadas. “No fim das contas, é só uma questão de educação. Porque a conduta errada de uma pessoa acaba prejudicando dezenas de famílias. É quase um ato de vandalismo mesmo”, disse Ricardo César.

Cagepa
Cagepa recolhe diariamente 70 kg de lixo da estação elevatória localizada na Avenida Maria Rosa, em Manaíra

É feio, é sujo e – lamentavelmente – também é recorrente, segundo o engenheiro. Ele revelou que algumas localidades recebem a visita da equipe de manutenção da Cagepa todas as semanas. Comunidades como Alto do Céu, Timbó e Bairro São José, além de alguns pontos nos bairros de Manaíra e Tambaú, estão entre as de maior número de ocorrências.

No ralo, não!

Ricardo César destacou que o tipo e tamanho dos objetos encontrados chega a impressionar, no entanto, é uma atitude equivocada e, infelizmente costumeira, a que mais afeta as tubulações na Grande João Pessoa: o despejo de gordura e óleo de cozinha nas pias das residências.

“Aquele resto d óleo das frituras jogado na pia das casas que não possuem caixa de gordura vai impregnando as paredes dos canos e formando uma crosta de gordura que, juntando-se a outros detritos, obstrui a rede. É praticamente um ‘infarto’ da tubulação”, explica o subgerente de Manutenção de Esgotos, acrescentando que os locais com maior número de restaurantes e bares, como o Centro e a Orla da Capital, são os com maior registro de ‘coágulos’ de gordura, provenientes do óleo de cozinha.

Lixeira encanada

O que a Cagepa recolhe das redes de esgoto (e que não deveria estar lá):

– Óleo de cozinha (forma placas de gordura nas tubulações)

– Colchões e espumas

– Material eletrônico e pedaços de móveis

– Fraldas, absorventes, filtros de cigarro

– Preservativos, sacolas e garrafas plásticas